Terra das mil e uma estrelas a fazerem concorrência à luz do sol ou às galáxias de neóns, Miami, sendo a “outra Cuba”, é casa de muitos “heróis” da comunidade cubana. Poucas brilham mais que Gloria Estefan, a senhora que levou os Miami Sound Machine ao mundo inteiro e que depois se tornou estrela com nome próprio. “Em Miami, é mais fácil apontar o dedo para o que não pertence aos Estefan”, diz-nos um dos nossos guias. Um “pequeno” exagero, naturalmente… Mas o certo é que, entre investimentos vários, Gloria é imagem de marca de Miami e aparece por todo o lado.
Daí que, em plena Ocean Drive, a longa-longa avenida por onde corre a vida balnear de Miami Beach, a fome nos tenha levado a optar por almoçar na esplanada do Hotel Cardozo, erguido em edifício art déco. É certo que dona Gloria não apareceu para nos dar conga, apresentar o dr. beat ou lançar uma das suas baladas, até porque o restaurante é independente do hotel. Mas apareceram uns arranha-céus de pernas de caranguejo (uma das especialidades de Miami), camarões, lagosta, ostras, peixes, molhos simpáticos e diabólicos. Não faltavam pelos pratos dos convivas experiências cubanas (e asiáticas, que o sítio faz a união de culturas), bifes sabor América e churrascos sabor Américas, saladas cosmopolitas ou mesmo incontornáveis pizza e, atenção, um pato assado preparado num molho com “imported Porto Wine” (repare-se que dizia mesmo Porto sem o anglo “O” antes).
Enquanto se aprecia o obrigatório e verdadeiro espectáculo de Miami (o desfile interminável de figuras únicas, obras de arte em si próprias, pela beleza natural ou artificial, seminua ou vestida em transparências criativas), o que fica realmente na memória é outra tradição da Miami turística (e não só, mas aqui brilham que é uma beleza XL): cocktails tamanho América. Eles estão por todo o lado, coloridos, exóticos, num copo que parece um balde em forma de cocktail e que parece trazer um litro da mistura que se deseje. Já que estamos em teia para turistas, continuemos turistas: nem hesitei e escolhi logo um Miami Vice de um litro que chegou lindo, vermelho-sangue, com dois morangões que pareciam balas e que, afinal, entre piña colada e daiquiri, era uma morte doce. (Sim, também têm este tamanho para facilitar a partilha próxima e/ou sensual. Na nossa mesa, não houve partilhas, a cada um a sua litrada).
Claro que sendo o sítio, com mais ou menos Gloria, uma atracção para turistas, já se sabe que os custos (além da obrigatória taxa de serviço de 18% a acrescentar à factura final..), incluem a “taxa” turística. Verdade seja dita que, a querer poupar, esta não deve ser a primeira escolha… Prato a prato, copo a copo, entrada a entrada, saem-lhe 100 dólares do bolso mais depressa do que consegue dizer Gloria Estefan.
Ah, e, claro, a senhora não apareceu nesta sua Miami food machine. Teria mais que fazer, decerto. Na verdade, só a avistei uma vez, ainda que em fotografia em momento show: na parte de dentro da casa de banho dos homens. Assim, tal e qual, olhando para mim enquanto terminava de puxar o zipper. Miami é uma terra malandra.
p.s. – para quem quiser experimentar o Cardozo, fica na Ocean Drive 1300. O hotel tem site aqui. Pela net, há quem elogie a casa e – regra evidente para qualquer coisinha mais dada a fazer lucro com turistas – aconselhe a ter cuidado com preços e o que se pede e a rever bem a factura (é espiar o TripAdvisor ou o Yelp
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A Fugas em Miami a convite do grupo Pestana e da TAP