Xangai é uma cidade cheia de arquitectura imponente, mas parca em templos majestosos, budistas ou de qualquer outra fé. Já as lojas Apple são grandes, luminosas e resplandecentes. As demais multinacionais do costume também já têm morada na baixa da florescente cidade chinesa, mas nenhuma lhe chega aos calcanhares em termos de mística e devoção.
São grandes superfícies envidraçadas, onde porém se expõem não mais de três ou quatro engenhos electrónicos. O espaço parece ser requerido não para expor os artigos à venda, mas para acolher toda a clientela – verdadeiras legiões de fiéis reunidos sob a supervisão dos inúmeros sacerdotes (muitos mais que as máquinas), os vendedores-especialistas nos muitos truques de magia digital da firma criada por Steve Jobs.
Este culto obsessivo, depois disseminado um pouco por todo o centro da cidade – há mais gente agarrada a iphones ou ipads que a conversar nos cafés – é único em Xangai e obviamente paradoxal. Basta pensar que boa parte se não mesmo a maioria destes chineses viciados em tecnologia ocidental ganha a vida na sua duplicação.
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{Luís Maio e Nelson Garrido viajam a convite da Royal Caribean, da Air France e do Turismo de Macau}