Pede-me um amigo que lhe mostre 10 sítios em Lisboa. Resisto. Disfarço. Não sei. Ele insiste. No fim, queria mais dez. Como estes:
– Odeio as colinas de lisboa, odeio-as mesmo;
– Gosto do aeroporto de Lisboa. É a metáfora perfeita para o português. Nem muito grande nem muito pequeno, a meio caminho de coisa alguma;
– Croissants com creme não os há senão, e dos bons, em Lisboa;
– A meia de leite de máquina da pastelaria da Graça, quase ao lado da Moviflor – e antes da peixaria, no Largo da Graça;
– Da luz que entra no foyer do 1º andar do teatro São Luiz. é a mais bonita paisagem interior de um teatro na Europa;
– Gosto do Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas (acontece em Maio com epicentro no Museu da Marioneta, no Convento das Bernardas), não há muitos mais assim. De teatro e dos outros;
– Da Bijou, a pastelaria ali no Largo do Calhariz;
– Da saída ao fim do dia dos alunos do Liceu Francês, ali nas Amoreiras, quando vou buscar a minha sobrinha há mais de 4 anos. É ver a vida a pulsar-lhes;
– Da neblina que se instala de manhã, uma coisa que incandesce os olhos;
– Do Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva, no Largo das Amoreiras.
Depois, acrescentaria, se ele me desse mais 10:
– o pôr do sol na Fundação Champalimaud, magnífica reinvenção de uma cidade que se viu no mar;
– o Cine Paraíso, na rua do Loreto, belíssimo cinema pornográfico decadente com pinturas a imitar os frescos italianos;
– gosto do peixe no mercado da Ribeira e de discutir com as peixeiras;
.- de atravessar a praça do Marquês de Pombal pelo meio dos carros;
– do último electrico 15, a acelerar na 24 de Julho;
– as chamuças do café da esquina, em frente à estação do Rossio;
– da vista que se vê do topo do edifício Interpress, a melhor de uma Lisboa que parece de ficção, esquinada, angulosa, casaria;
– os travestis do Conde Redondo, verdadeiras figuras teatrais, de uma generosidade ímpar quando se tornam vizinhas;
– da feira do livro no Parque Eduardo VII;
– do miradouro de Santa Luzia, onde se vê a imensidão do mar da palha;
Ora essa, caro Luis Pacheco: gralha corrigida.
Eu gostei de ver escrito Parque Eduardo VIII. Sétimo ou oitavo é quase a mesma coisa, tanto faz. Viva o jornalismo “para quem é, bacalhau basta”.
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. subscrevo . na íntegra .
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