Há a vista da Cidadela (de onde se adivinham as pirâmides de Giza). Há a magnífica vista do Parque al-Azhar (também ele magnífico). Há a grande torre do Cairo que não cheguei a visitar. Há a vista da ponte Qasr el-Nil, a do minarete da mesquita al-Azhar. As minhas vistas preferidas desta cidade imensa não aparecem nos mapas nem nos guias. Aparecem de repente e fazem-me sorrir. Quando no meio do trânsito permanente subo a um viaduto ou ponte e vejo o Cairo às camadas.
Carros, pessoas, lojas de um só piso que vendem de tudo, prédios de seis andares, roupa estendida, alguém à janela, uma cabra branca ao lado de uma cabra preta à entrada do terceiro andar de um prédio inacabado ou abandonado, onde parece que já ninguém vive ou nunca chegou a viver, bonitas fachadas trabalhadas e escurecidas pelo pó, um minarete, um arco, uma coluna de pedra, uma bandeira do Egipto, uma árvore. Tudo ao mesmo tempo. Impossível de fotografar, impossível de descrever. O Cairo que levarei na memória é às camadas.
O Cairo é uma cidade que não dorme. Está em constante movimento. Mais tranquilo ou mais agitado mas mexe sempre, noite e dia. Não me vai sair mais do pensamento.
Nunca estive no Cairo, mas tenho andado a pensar nesse destino; a frase com que o defeniu “o Cairo que levarei comigo na memória é às camadas” deixou-me ainda mais interessada.
Lindo! Vivi no Cairo 2 anos e nunca me cansei de fotografar tudo, a vida quotidiana mais simples dos habitantes locais para mim sempre foi uma descoberta cultural!