Ao viajar por S. Miguel é fácil imaginar o trabalho febril de um demiurgo apostado em explorar todas as possibilidades da sua paleta criadora. Há boas demonstrações desse labor por toda a parte, sobretudo nas regiões da ilha onde o povoamento e a ocupação do território são menos intensos.
Para quem regressa a Ponta Delgada depois de passagem pelo Nordeste, uma delas pode ser experimentada percorrendo o atalho pela estrada florestal que atravessa o interior da serra da Tronqueira, em direcção às Furnas, com passagem pelo Pico da Vara, o ponto mais alto da ilha. Outra, a escolhida neste passeio, é deixar-se ir ou ser conduzido até ao Pico do Salto do Cavalo.
Ainda antes de lá chegar, já a paisagem surpreende pela força e intensidade das tonalidades de verde nos campos e serras, parecendo desmentir a sequia de um Verão particularmente “continental”. E nem sequer é preciso muito esforço de enquadramento para registar fotograficamente a sensação de uma paisagem suiça a que só faltará porventura um pouco de neve para conferir verosimilhança ao que se dá a ver…
A paragem no miradouro do Salto do Cavalo é de parar a respiração. Beneficiando de uma afortunada visibilidade e um céu praticamente limpo, pode ver-se daqui ao mesmo tempo o oceano nas costas norte e sul, a vila e a lagoa das Furnas, o ponto mais alto da ilha e os maciços que abrigam as lagoas do Fogo e das Sete Cidades.
Estamos a meio da tarde e sopra um vento moderado mas bastante fresco. O sol ainda vai bastante alto e a luz forte impregna tudo, instalando uma sensação difícil de descrever a quem nunca tenha tido o privilégio de aceder a um ponto culminante de uma montanha e parar para ver.
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(muita sorte com a visibilidade neste dia… fantástico…)