Foram os primeiros dias de calor a sério, este ano em Zagreb. Por isso, claro, o centro da cidade encheu-se de gente ao entardecer. Sobretudo jovens em idade de conviver e namorar. E, sobretudo, na longa rua de esplanadas que antes era um rio e agora se converteu num grande recreio urbano. Não seria propriamente uma festa a céu aberto, mas andava lá perto. O suficiente para ficar com a impressão que Zagreb é uma cidade animada, sensual e hedonista, na verdade, quase latina.
No dia seguinte, porém, conheci uma peruana, que é guia num parque natural nas vizinhanças da capital croata. Estudou línguas em Lima e foi hospedeira em barcos de cruzeiro nos Estados Unidos, até conhecer um croata e, faz agora sete anos, se casar com ele. A Croácia é um pais fantástico, não tardou a desabafar, mas os croatas pecam por ser bastante frios, incapazes de rir, definitivamente pouco dados a folias.
O retrato dos croatas que a peruana me esboçou é, portanto, a completa antítese do que eu julgara entrever em Zagreb. Talvez ela esteja a ser preconceituosa, talvez esteja simplesmente com vontade de voltar para casa. Não menos provável é eu estar a ser ingénuo e as minhas primeiras impressões de Zagreb se resumirem a fantasias superficiais.
Também sou capaz de apostar, por outro lado, que se estivesse a viver sete anos na Croácia ou, na verdade, em qualquer canto do mundo longe de casa, acabaria por cobrir os nativos de todo um sortido de defeitos. A peruana pode e deve ter razão, mas para todo o efeito eu vou continuar a acreditar que Zagreb é da melhor e única maneira que a vi. Que é como quem diz de relance.