Entre o Arenal, pontes suspensas e o Cerro Chato
Os dias na Costa Rica na época das chuvas têm poucas variações: manhã de Sol, chegada das nuvens ao início do tarde e ao anoitecer, chuva torrencial, com ou sem trovoadas. Por isso aconselha-se a quem visitar este país que traga um saco de rede ou similar para a roupa molhada. Outro bem absolutamente indispensável é o repelente mais forte que existir à venda.
O Parque Nacional do Arenal não foi excepção quanto aos mosquitos. Esta área protegida cresceu por causa do Arenal, vulcão activo cuja erupção em 1968 matou 80 pessoas. Hoje, uma miríade de hotéis e de fontes termais espalha-se pelas suas encostas. Ontem visitámos o Arenal Hanging Brigdes, num percurso de pouco mais de 3km pela floresta, ao longo de várias pontes oscilantes, por cima da copa das árvores. Mas o momento alto…foi bem lá em baixo: um colibri, em voo, a beber as gotas de água libertadas por uma catarata, voando rapidamente para as apanhar, e no chão tapado de folhas quatro rãs de calças jeans (Oophaga pumilio), muito pequenas, de corpo vermelho e pernas azuis.
Uma outra opção para quem visitar o Arenal é a subida ao Cerro Chato, ao lado do Arenal, já que este está encerrado por questões de segurança. Partimos sabendo que seriam pelo menos 4 horas de percurso difícil. Mas só quando começámos a subir nos demos conta da razão. Uma encosta íngreme no meio da floresta, enlameada, cujo solo tinha em parte desaparecido, levado pelas chuvadas da noite. Lá fomos „trepando“, pondo os pés nas raízes das árvores.
A meio do percurso, enrolada e a confundir-se com as cores das folhas e da terra, uma cobra que aqui lhe chamam terciopelo (Cobra Fer-de-Fance), veludo em espanhol, uma das mais venenosas da Costa Rica. Mais a cima, o percurso tornou-se num caminho de lama e mosquitos. Do topo do cerro avistámos a lagoa de águas verdes do Cerro Chato. Daqui até à lagoa, os 120 metros de descida demoraram-nos 20 minutos por ser um percurso mesmo muito íngreme. Mas valeu bem a pena. Tudo. As cores da floresta, a grande borboleta azul(Morpho peleides limpida), os sons das aves e o ar puro.
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Visitar o Vulcão Arenal, dormir no seu sopé, passear por entre flores de cores vivas, brilhantes, lavadas e ver a luz da sua lava à noite, é qualquer coisa que nos acompanha o resto da vida e ainda por cima porque deixámos lá a nossa marca através de árvores que plantámos para ajudar as crianças da Costa Rica.
Tentei neste poema expressar o que senti:
Arenal Kioro (Hotel no sopé do Vulcão Arenal)
Frente ao vulcão Arenal
sob chuva tropical
os Kapilokas deixaram
um marco de Portugal.
São dez árvores plantadas
na terra de flores vestida
dez lanternas aladas
p’ra iluminarem a vida.
Cada uma tem um nome
posto p’lo seu benfeitor:
–- “Esperança, Vida, Livre, Lua, Liberdade ”.
e “Águia, Pedro, Rita, Portugal, Amor”.
São mensagens de fé
de turistas em paz espiritual
firmados no Arenal.
Chega a hora da partida
não resta qualquer tristeza
porque ficam dormitando
no seio da Mãe natureza.
M.Clara Costa