Uma colecção de arte contemporânea num bunker. Melhor: uma colecção privada num bunker em que vive o casal de coleccionadores. Melhor: uma colecção de arte vista numa visita guiada a um bunker que já abrigou quatro mil pessoas durante a guerra, que já foi um armazém da ex-RDA, e que já foi um clube tecno com festas fetichistas e sado-maso.
É a colecção Boros, que desperta fascínio não só pelas suas obras como pelo local em que é mostrada.
Está lá a ventoinha rodopiante de Olafur Eliasson (que esteve já há alguns anos no MoMA, Nova Iorque), a carroça fluorescente de Anselm Reyle (colocada apropriadamente num dos quartos-escuros que manteve as paredes pretas do tempo em que o bunker era um clube), e os logos de marcas sem as marcas de Daniel Pflumm, entre muitas outras obras.
A visita dependerá muito do guia: das duas vezes em que estive no bunker encontrei guias diferentes: a primeira mostrou todas as obras e deu todas as explicações necessárias deixando o grupo de visitantes encantado, e a segunda não conseguiu tornar a visita tão interessante quanto seria possível.
De qualquer modo, acho que é um sítio a ver. Tem alguns (pré-)requisitos: é preciso uma inscrição antecipada no site para as visitas que são feitas apenas às sextas, sábados e domingos, e há apenas duas horas com visitas em inglês. Com um máximo de 10 participantes, as visitas duram cerca de hora e meia e custam 10 euros por pessoa.
E nunca se consegue chegar à parte de cima do bunker onde vive o casal Christian e Karen Boros. Apenas se vê, cá de baixo, alguma vegetação no telhado do bunker, em cima das pesadas paredes ainda cheias de marcas de tiros de artilharia, e imaginar, ao abrir a pesada porta, como será passar por ela para entrar em casa.
Metro U6 Oranienburger Tor ou S-Bahn Friedrichstrasse