Antes de abrirem as urnas, e enquanto não se contam os votos, a imprensa e blogosfera americana esteve entretida com análises a que chamou pre-mortem da candidatura do republicano Mitt Romney.
A premissa assumida foi a de que, ao contrário de que tem insistido a candidatura republicana e a maior parte dos comentadores partidários de Mitt Romney — caso dos insuspeitos George Will, Peggy Noonan e Michael Barone –, as sondagens reflectirão, com a margem de erro declarada, a intenção de voto do eleitorado norte-americano. Ou seja, as sondagens demonstram uma ligeira vantagem do Presidente Barack Obama nos estados fundamentais, logo mais facilidade de chegar aos 270 votos do Colégio Eleitoral e maior probabilidade de reeleição do que derrota. Seria preciso um “desvio colossal” (para aplicar uma expressão famosa em Portugal) para que toda a matemática eleitoral das sondagens estivesse errada.
Uma das análises vespertinas identifica os três mitos da campanha de Romney, a saber: que o furacão Sandy é responsável pela derrota do republicano; que a campanha se alterou significativamente na sequência do primeiro debate televisivo entre os dois candidatos e que Mitt Romney é um mau candidato. A análise é a última parte de um diálogo mantido entre o veterano repórter James Fallows e o cientista político e professor da Universidade da Califórnia em San Diego, Samuel Popkin.
Preparados para qualquer eventualidade, incluindo a menos provável vitória de Mitt Romney, Ezra Klein (no Washington Post) e Matthew Yglesias (na Slate) especulam sobre o impacto da sua eleição na economia e a margem de manobra do republicano na governação — e na concretização de algumas das suas promessas eleitorais. Yglesias acha que a política económica de um Presidente Romney desiludiria conservadores e liberais, por não se desviar tanto da actual quanto os primeiros desejariam e os segundos anunciaram. Klein argumenta que, apesar de grandes diferenças ideológicas que separam os dois candidatos, as plataformas de Obama e Romney inscrevem-se no que designa como o grande consenso [político] americano que elogia “o génio dos mercados livres, a necessidade de uma rede de segurança federal e a importância de um forte aparelho militar”.
Rita Siza