Enquanto a campanha do republicano Mitt Romney ainda continua a tentar afinar a sua mensagem relativamente ao tema do casamento e adopção de crianças por casais homossexuais, a equipa do Presidente Barack Obama virou uma nova página no ataque ao seu adversário republicano com o lançamento de um novo canal chamado Romney Economics (qualquer coisa como a Economia de Romney).
É, de certa maneira, prova da confiança dos estrategas de Chicago na sua mensagem económica — e também das iniciativas da sua Administração — de “campeão da classe média”. Os anteriores ataques ao passado de Mitt Romney enquanto fundador, mentor e gestor da sociedade de capital de risco Bain Capital, durante as primárias republicanas, revelaram-se eficazes, erodindo a confiança do eleitorado (a campanha de Obama devia agradecer a deixa a Newt Gingrich, que vingou na Carolina do Sul graças à sua caracterização de Romney como um destruidor de emprego e de empresas).
Os Democratas não se cansaram de bater na mesma tecla, e filmes como este deverão suceder-se nos próximos meses. À semelhança do documentário produzido pela campanha de Gingrich, os videos divulgados pela campanha de Obama têm como protagonistas trabalhadores de empresas compradas pela Bain Capital e que posteriormente faliram, num processo artificial que gerou enormes dividendos e lucro para os investidores mas deixou centenas de trabalhadores e pensionistas sem os seus empregos e fundos sociais.
Mas como explicou uma porta-voz da campanha numa conferência de apresentação da iniciativa, o que está em causa não é o funcionamento do capitalismo per se: o anúncio “tem a ver com os valores”, referiu Stephanie Cutter, referindo-se aos valores que Mitt Romney supostamente privilegiará se tiver acesso à Casa Branca — não os dos trabalhadores, da classe média, mas doscapitalistas, do 1% que beneficia do sistema. Até agora Obama resistiu em usar a retórica dos jornais (e do Occupy Wall Street), mas a sua campanha económica tem a ver exclusivamente com a desigualdade.
Rita Siza