Os economistas da Casa Branca estavam a postos para falar sobre uma moderada tendência de recuperação do mercado de trabalho, antecipando a criação de novos 150 mil postos de trabalho durante o mês de Janeiro — o número que os economistas consideram ser a linha de água entre um bom relatório e um mau relatório, ou politicamente falando, entre boas notícias para a Administração Obama, e más notícias para a campanha de reeleição do Presidente.
Os números divulgados pelo instituto de estatísticas americanos acabou por sair muito melhor do que a encomenda para a Casa Branca. Em Janeiro, a economia americana criou mais 243 mil postos de trabalho, em todos os sectores de actividade excepto na função pública (aí, a tendência continua a ser de queda, e no mês passado foram extintos mais 14 mil postos de trabalho). Com esta revisão, a taxa de desemprego caiu para os 8,3%, o valor mais baixo desde fevereiro de 2009. Comparando com o mês de Janeiro de 2011, há agora menos 1,2 milhões de pessoas desempregadas.
Estes são números que inequivocamente apontam para uma sólida recuperação económica, e por isso como escreveram alguns colunistas americanos, o barulho que se ouve hoje em Washington é das rolhas a saltar das garrafas de champanhe na ala oeste da Casa Branca. A informação divulgada hoje credibiliza as políticas da Administração e reforça os argumentos de Barack Obama ao pedir o apoio dos eleitores para um segundo mandato.
Pelo contrário, este relatório fragiliza os argumentos utilizados pelos republicanos contra as políticas económicas do Presidente. Nos últimos dias, Mitt Romney já afinou um pouco o seu discurso, reconhecendo que Obama não era o responsável pela recessão económica de 2008. Mas o favorito à nomeação republicana insistiu que a crise piorou, e que a economia americana está num longo e penoso processo de deterioração, por causa de Obama, logo, não poderá imputar ao anterior Presidente George W. Bush a responsabilidade pela melhoria. Se as estatísticas continuarem a revelar uma trajectória positiva, Romney terá de encontrar uma nova linha de ataque contra o Presidente.
Rita Siza