Tipova e Saharna: Mosteiros & Lendas

Não é fácil chegar aqui, mas faz parte do encanto. Estamos a uns 100 quilómetros a norte da capital Chisinau, os últimos quilómetros são em terra-batida e as indicações não são precisas. Ótimo.
um ar ainda mais intemporal a estas obras arquitetónicas (na verdade, cavernas) ortodoxas esculpidas na alta falésia algures há tantos séculos que ninguém se entende verdadeiramente quanto à data certa. Estamos uns 100 metros acima do rio Dniestre, no maior e mais antigo mosteiro-caverna da Europa de Leste.
A obra, por si só, basta-se para justificar a viagem desde Chisinau. Esculpida em calcário em lugar de difícil acesso. A vista, deslumbrante, ajuda ao encanto. As lendas em seu torno, adensam a curiosidade.
Entre elas, a de que, há 500 anos, o poderoso e ainda saudoso rei Stefan cel Mare (O Grande) se casou aqui, em segredo, com a sua terceira esposa, Maria Voykitsey. Dizem que o fantasma da donzela ainda deambula pelas cavernas do mosteiro e que, em noites de lua cheia, quem o seguir pode descobrir um tesouro escondido. Todos os ingredientes para a lenda passar de geração em geração.
Outra, ainda mais incrédula, diz que o mitológico poeta grego Orfeu, incapaz de se separar da amada Eurídice, terá vagueado pelo complexo e por aqui ficaram os seus restos mortais. Versão que o Monte Olímpico certamente contraria.
Este complexo do mosteiro é distribuído por várias infraestruturas e conta com três igrejas. Entre elas, há túneis, salas, galerias por onde os monges circulavam. Privacidade e segurança para os eremitas, em tempos de guerra. A bruta natureza envolvente oferece montanhas, florestas densas, caminhos estreitos e tem espaço para surpreendentes cascatas…… É zona de turismo ecológico.
Mal sinalizados os caminhos, acabo por me perder. Mergulho como que em floresta densa e ando em íngremes zonas em que um pé em falso pode custar… o que não desejamos imaginar. Redobrar as cautelas. Só se vive uma vez… e há ainda demasiado por experienciar.

É verdade que este complexo já teve melhores dias. Pudera, no período soviético esteve fechado e abandonado. Até que o jugo terminou e foi devolvido aos crentes, retomando a atividade. Serena e pacata, como posso testemunhar.
Apesar de ser uma das mais famosas e populares atrações da Moldávia, o facto é que este é dos países menos visitados do Mundo, pelo que apenas encontramos uma dupla de amigos da Rússia. Que desejam boleia Saharna, mas não se sabem explicar, pois não dão uma palavra de inglês.
Em linha reta, o mosteiro de Saharna fica a uns 10 quilómetros. De carro, são 45. E não há transportes públicos. Não neste fim de mundo. Os nossos amigos precisam de ajuda motora para visitar o que é também um dos principais lugares de peregrinação na Moldávia. Aqui encontramos relíquias de Santos. E, de acordo com a lenda, as pegadas de Santa Maria. Um monge terá visto a reluzente figura sagrada no topo da rocha. Quando chegou ao lugar, apenas encontrou as suas pegadas…
Lendas são isso mesmo. Neste momento, os meus pés indicam-me outro caminho, o do ainda longínquo mosteiro de Capriana…

Rui Bar­bosa Batista relata no blo­gue Cor­rer Mundo a sua invulgar aven­tura por Palma de Maiorca, Roménia, Moldávia, Itália e São Marino. No site www.bornfreee.com pode ace­der a outros rela­tos e ima­gens sobre a viagem.

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