Iasi, o diamante romeno

Iasi surge no meu roteiro como um plano B, um rasgo de última hora. Sai desta viagem como a grande surpresa da longa jornada. Que cidade! Que destino!!

História e modernidade. Herança cultural. Pujança social. Monumentos. Gastronomia. Gente sorridente. VIDA! Não sei que mais pedir para uma experiência inesquecível neste Mundo.
O destino coloca-me nas mãos de Eiffel. Sim, do Gustavo. Esse mesmo. O Traian Grand Hotel é uma das obras-primas do mestre da engenharia gaulês, imortalizado pela torre com o seu nome em Paris, pelo seu ‘dedo’ na Estátua da Liberdade e trabalhos em Viena, Saigão e outros destinos mais ou menos exóticos. Desenhou e construiu o Traian. Aqui em Iasi. Uma obra neoclássica que nos faz sonhar e experienciar outros tempos. Um luxo de **** a preço… competitivo.

Porém, e antes de me aventurar a contar sobre a cidade, tenho de me fixar JÁ no imponente, majestoso, soberbo (acreditem, todos estes epítetos são eufemismos da realidade) Palácio da Cultura. Um admirável edifício neogótico do início do século XX que agora é um vasto complexo museológico.

Construído sobre as antigas ruínas de dois antigos palácios que serviram como cortes reais moldavas (região da Roménia, não o país) – a primeira de 1343 e a segunda em 1823 -, mas destruído em incêndio na derradeira década do século XIX. Não sei como era o original, mas o que resultou dos despojos é digno de figurar entre os mais emblemáticos edifícios do planeta. Sim, sem exagero. Acreditem, ter visitado metade dos países do Mundo ajuda-me nesta convicção.

Foram duas décadas para construir (inaugurado em 1926) uma extravagante obra neogótica com 298 quartos distribuídos por imensos 36.000 metros quadrados. Esteve em remodelação durante oito anos. E HOJE o público pode contemplar o resultado pela primeira vez.

Não arranjo bilhete. Chego tarde. Mas explico a um dos seguranças que no dia seguinte – o palácio voltará a fechar um par de dias – estou de partida. Digo-lhe ao que venho. E mereço a sua benemérita compreensão. Que muito agradeço. Sim, é verdade, apetece-lhe uma cerveja. Não é o meu estilo estes caminhos enviesados, mas ninguém sai prejudicado da situação. E não posso MESMO perder o seu interior.

Alberga um museu de história, um etnográfico, um de artes e outro de ciência e técnica. Ao nível do papel cultural, académico, artístico e político que a cidade ostenta desde há 500 anos. E sobra arte no seu faustoso interior. Diria que, tal como o Hermitage, em S. Petersburgo, nem precisaria de arte para nos deslumbrarmos com o seu sumptuoso interior.

Nas suas traseiras, a nova zona de vida noturna (e diurna) da cidade. Jardins, piscinas, esplanadas, bares, restaurantes, hotéis, gente bonita… numa urbe com cativantes praças e parques bem-cuidados.
O Palácio da Cultura, a Praça da União, as inúmeras igrejas e palácios tornam a zona um ex-líbris da Roménia. E não esquecer a forte tradição judaica deste aglomerado de 300.000 habitantes, um quinto dos quais estudantes universitários. Que ajudam a um ambiente sempre descontraído, renovado e jovial. Cada vez mais dinâmico. A universidade, o teatro e o jardim botânico (mais de 100 hectares e 10.000 espécies) mais antigos do país estão aqui.
Iasi está em permanente agitação com festivais, conferencias, eventos religiosos… afinal, na sua área alberga mais de 10 mosteiros e 100 igrejas históricas.

A catedral Metropolitana, a maior ortodoxa na Roménia, o mosteiro Golia, a antiga e a nova catedral católica, a igreja Arménia, a grande sinagoga (uma das mais antigas da Europa)… na verdade, o difícil é saber por onde começar. O complicado é definir uma escala sobre que obras mais me encantam. E já referenciei que assisti a cerimónia religiosa ortodoxa com cânticos de tonalidades divinas?

A bienal de arte contemporânea Periferic, o festival internacional de literatura FILIT, o festival internacional de educação (FIE), o festival aeronáutico Hangariada, festivais de rock, opera e jazz são frequentes, tal como musica ao vivo ou noites de poesia e leitura são habituais em bares cafés, sempre com grande vida.
Aqui também não faltam feiras e feirinhas, todas com o seu ar artesanal. A carteira não é muito afetada, mas a mochila ainda não percebeu como vai ter de se amanhar. Sim, Iasi entusiasma-me a um ponto surpreendente.

E há o parque Ciric, com quatro lagos, que ajuda a dias descontraídos e soalheiros. Fico a saber que Iasi tem perto de 400 árvores centenárias, 224 das quais declaradas ‘monumento’ de interesse nacional. Gosto deste respeito pela natureza. E da forma como esta gente aproveita (também) as benesses do ar livre.

Rui Bar­bosa Batista relata no blo­gue Cor­rer Mundo a sua invulgar aven­tura por Palma de Maiorca, Roménia, Moldávia, Itália e São Marino. No site www.bornfreee.com pode ace­der a outros rela­tos e ima­gens sobre a viagem.

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Um comentário a Iasi, o diamante romeno

  1. Subscrevo literalmente o conteúdo de Rui Batista, inerente à linda cidade universitária de Iasi; Estudou aqui, durante seis anos, o meu neto David Magalhães que se licenciou em medicina no pretérito mês de Junho. Durante estes seis anos, desloquei-me a IASI algumas vezes, e agora que o David terminou,estarei sempre grato a Iasi pela forma como trataram o meu querido neto; Aquela Terra ficou no meu coração e visitá-la-ei, um dia! A saudade faz parte do meu quotidiano. Obrigado Iasi, bem haja Rui Batista, pela sua intrínseca e linda narrativa! Abraço!

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