Ultrapassado o ‘trauma’ de ter de voar de Ushuaia para El Calafate – a ideia era fazer os perto de 1.000 quilómetros em autocarro, umas 18 horas a sentir na pele a beleza e imensidão da Patagónia e Terra do Fogo –, em hora e meia de voo cruzamos as montanhas austrais da América do Sul e entramos em paisagem mais monótona que terminaria em El Calafate.
Há 10 anos era um pequeno povoado e agora… uma cidade turística por todos os poros. Não cresceu demasiado – terá uns25 a30.000 habitantes fixos – mas existe exclusivamente para o turismo: o centro é quase uma Las Vegas de ofertas de atividades na natureza, invariavelmente ligadas ao Parque Nacional Los Glaciares.
Obviamente, o glaciar Perito Moreno – uma das visões mais assombrosas da vida de qualquer mortal – é o grande chamariz destas latitudes. El Calafate, já perto do Chile, é a porta de entrada para a vida selvagem da Patagónia, oferecendo múltiplas opções de atividades e aventuras ao ar livre.
Estrutura hoteleira farta e diversa, aeroporto moderno, restauração cativante e muito comércio virado para o turismo. Tem bares, mas a ‘noite’ não é particularmente estimulante, já que aqui todos madrugam para apreciar a natureza.
Ninguém vem para El Calafate passar tempo: esta é, muito provavelmente, a mais cara cidade da Argentina. Cada minuto vale muito. Está ao nível da recompensa quando o mesmo é investido na natureza.
Os preços por estas bandas estão a níveis que envergonhariam vários dos ricos países da Europa. Principalmente ao nível de souvenires. E alugueres de carros. E estadias razoáveis. Esqueci os restaurantes?“Quase nada escapa a uma inflação que em três/quatro anos aumentou sete vezes o preço das empadas. Até para nós é um inferno viver aqui”, ouvi, a quem cá faz vida.
Bom que a ideia não é criar raízes na cidade…
Rui Barbosa Batista relata no blogue Correr Mundo a sua aventura pela Argentina e Uruguai. No site www.bornfreee.com pode aceder a outros relatos e imagens sobre a viagem.