Parte do grupo Bornfreee.com é ‘aliciado’ para assistir a um espetáculo único, uma sessão de Zurkhaneh. Ainda em Portugal, o Octávio tinha-me alertado para este ‘desporto’ e logo ficou decidido que haveríamos de assistir a uma sessão.
Na véspera, o altruísta estranho que abordou os nossos amigos falou em show gratuíto. Não nos dava a morada, pois era “complicado” lá chegarmos sozinhos. Ela era imprescindível. Hoje, juntamente com um sorriso menos ‘puro’, a experiência já custa cinco euros. Insiste que o grupo é que percebeu mal, evidentemente ele não fica bem na fotografia.
No recinto, diferentes grupos pagaram distintas maquias. O angariador não fica bem visto. Fazemo-lo notar que está a protagonizar a única má experiência humana no país. Com linguagem polida, digo-lhe o que não gostará de ouvir. E convido-o a deixar-nos.
Os peritos estão a entrar em cena. E ninguém melhor do que o Octávio, companheiro do Publico (P3), para o relatar.
“Uma forma estilizada de arte marcial. É assim descrito pelos manuais o zurkhaneh, “desporto” praticado no zurkhaneh, poço octogonal (“gowd”) e tecto alto que significa “casa da força”. As paredes estão repletas de memórias, de fotografias de “homens de aço”, de espelhos e de apetrechos que remetem para os campos de batalha ancestrais, onde se enfrentaram homens e chocaram espadas, lanças e escudos.
O “desporto” surgiu como uma disciplina física para forjar guerreiros, para ensinar técnicas de força e de resistência ao comum mortal. A raiz do zurkhaneh leva-nos ao Irão — aproximadamente dois mil anos antes de Cristo.
O presente também — às ruelas de Isfahan, neste caso. Por aqui, um “pahlavan” ainda é um verdadeiro herói. Então, teria que atravessar montanhas e desertos, infiltrar-se nas fortalezas inimigas e ser hábil no combate corpo-a-corpo bem como perito nas mais diversas armas. Os símbolos, assim como a exigência física, mantêm-se nesta arena — alguns destes “ginásios” iranianos têm já 500 anos.
Num pódio elevado (“sardamm”) senta-se o “morshed”, uma espécie de mestre de cerimónias que comanda as operações, as entradas e saídas da arena, com uma mistura de vozes de comando e de ritmos tribais.
Aos seus pés rodopiam os “meel” (massas indianas), tocos de madeira maciça esculpida cujo peso varia entre os dois e os 16 quilos, elevam-se lentamente os “sang”, escudos gigantes de madeira, e chocalham os “kabbadeh”, arcos e correntes. Na arena exibem-se os heróis”.
O trabalho completo, com mais fotos, pode ser visto em:
http://p3.publico.pt/cultura/exposicoes/18652/zurkhaneh-casa-da-forca-dos-herois-iranianos
Rui Barbosa Batista relata no blogue Correr Mundo a sua aventura pelo Irão. No site www.bornfreee.com pode aceder a outros relatos e imagens sobre a viagem.