Resolvidos pequenos percalços que retratarei oportunamente, logo nos embrenhamos por Mosteiros. Pacato lugarejo com gente simpática. E ébria. Não tardaremos a descobrir: a culpa é TODINHA do Espírito Santo. O Divino. E a sua festa.
Uma das mais antigas e difundidas práticas do catolicismo popular, com mais de 500 anos (falta-se em 1321, instituída pelo convento franciscano de Alenquer, sob a proteção da rainha Santa Isabel). Um banquete coletivo – Bodo aos Pobres – com distribuição de comida e esmolas. Aqui, nos Açores, terá uma repercussão que não se encontra em mais nenhum lugar de Portugal.
Supostamente, a rainha teria prometido ao Divino Espírito Santo peregrinar o Mundo, arrecadando donativos em benefício da população pobre, caso o esposo, o rei D. Dinis, fizesse as pazes como seu filho legítimo, D. Afonso, natural herdeiro ao trono. Isto porque o monarca estava mais inclinado para o bastardo, Afonso Sanches.
Indiferentes a tudo isto – na verdade, poucos conhecerão a história – os habitantes do Mosteiro passeiam-se pelas ruas em pequeno, mas ruidoso cortejo. E a impingir vinho – que pinga mais… pinga!! – aos que vão encontrando. Temos meia dúzia de carrinhas de caixa aberta, música aos berros e gente ‘alucinada’, de tanta devoção e… sede.
Temos um convite para um outro Espírito Santo, em Pilar da Bretanha, para o qual já estamos bastante atrasados. Chove. Resolvemos mais um inconveniente e ficamos com pressa de partir.
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Rui Barbosa Batista relata no blogue Correr Mundo a sua aventura pelos Açores. No site www.bornfreee.com pode aceder a outros relatos e imagens sobre a viagem.