Desperto com a chuva. Forte. Pena não ser gelada manhã de inverno e sem nada que fazer. Não parece, mas é primavera e quero saborear mais intensamente Bérgamo.
Sem guarda-chuva, não é muito inteligente caminhar neste estado. Espraio-me na cama, viro-me e fico a ouvir
É hora de almoço quando, finalmente, o céu dá tréguas. Alterou-me os planos. A manhã já não será sem norte na nova, mas histórica centralidade.
Aponto à ‘città alta’ e sigo os meus impacientes pés. Ainda frescos. É o momento de experiênciar o funicular. Apenas 1,25 euros que me permite ‘viajar’ durante 75 minutos. Usarei essa benesse para subir da cidade antiga a San Vigilio.
Repito lugares da véspera, mas agora durante o dia, carregado. Não crer em qualquer Deus ou religião não me impede de apreciar a arre sacra. Vicio-me em frescos. E lamento a ostentação, os recursos mal distribuídos pela criação.

A vista daqui é deslumbrante. Um postal citadino único. A parte velha, imponente, e a seus pés tudo o resto. E eu num plano superior a tudo isto…
Exploro o que sobra do castelo. Um monte de ruínas, mas vista soberba a 360 graus. Sigo o itinerário de Monte Bastia, o de San Sebatiano e retorno à parte mais carismática de Bergamo a pé. Por calçada imprópria e má condutora do quase diluvio.
Questiono-me como vou secar o calçado, calças e casaco ‘oficiais’. A roupa pesa, a temperatura baixa e já só sonho com longo e quente chuveiro. Salada de rizzo e frango. É o que levo para o Hostel.
O merecido banho chega. A roupa luta contra o tempo junto a um ventilador. E a refeição chegará mimado na cama. A madrugada seguinte levar-me-á a um dos raros destinos ainda não visitados na Europa. E as horas de sono não abundam. Não imaginava ainda como se pode descer do céu ao inferno em tão pouco tempo…
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Rui Barbosa Batista relata no blogue Correr Mundo a sua viagem por Itália, Macedónia, Kosovo, Albânia e Grécia. No site www.bornfreee.com pode aceder a outros relatos e imagens sobre a viagem.