Ontem a Merkel concentrou a ira do país. Amanhã a greve geral deve parar a nação. Melhor aproveitar esta nesga e partir. Assumo: vou de coração apertado. Plenário da Lusa. Não é só (mais um prego na) Democracia. É a minha vida. O meu futuro.
À minha volta – e por todo o lado – onda de emigrações. Quando voltar, provavelmente novas histórias de companheiros que disseram “basta”. Um triste “chega” a este país que os nossos idóneos e competentes governantes teimosa e tranquilamente destruíram nas últimas décadas. Com a cumplicidade – e memória curta – da geração mais informada de sempre. Parto, mas quero ficar!
Mas não é hora de divagar. Estou em choque. A minha mochila ronda os… três quilos. Para um mês, parece escasso. É, de facto, curto! Companheiros de viagem vão olhar-me de soslaio.
Desta vez o Zé Luís fica a dormir. Decidiu tirar um ano sabático. Optou por fazer nada. Desta vez, em casa.
Carlucci não precisou fazer noitada para deixar o trabalho em dia. Os “mensais” ocuparam, certamente, o seu fim de semana e últimos tempos. Pronto e mais do que motivado.
Beringela – a Fernanda – deve estar em pulgas. Nas próximas horas vai fazer a escritura da nova casinha. Um “mimo” na Mouraria. Seguimos de lá para o aeroporto. Lisboa – Dubai – Ásia. Não importa onde.
Parto encasacado, regressarei a terra em calções e manga curta. Admito, já com saudades do calor. Vai ser uma aventura quentinha.
Alguns lugares conhecidos vão atravessar-se de novo no caminho. Uns, por conveniência. Outros, porque me fizeram imensamente feliz. É com esta doce ilusão de rever memórias de sonho – e a estimulante descoberta de novos lugares e pessoas – que parto. E que vos levo num cantinho da mochila. Que vai leve como eu quero voltar…