Natal

    Agora que penso no assunto, não recordo ter visto qualquer Pai Natal decorativo. Reparei nas luzes. Muitas. Imensas mesmo. Em grandes árvores de Natal. E a iluminar toda a cidade – do Empire State, que já foi o mais alto edifício do Mundo, são 360º de deslumbramento.

     Notei cor. E quanta cor… Fixei igualmente sorrisos. Apreendi intenso brilho no olhar dos mais novos. Segui de rosto relaxado com o sorriso dos outros. Dos que passeavam de cabeça alta. Enfrentando o frio com o bem-estar que a época propicia.  

     Vagabundeava por Nova Iorque e o cenário era de filme. Quando me perdi no delicioso Bryant Park (www.bryantpark.org), o espírito natalício atingiu o expoente máximo. Um mercadinho de lojinhas apetitosas. Comida. Roupa. Souvenirs. Arte. Muitas coisas que massajavam o mais sonhador dos olhares. Um cenário urbano idílico brindado com uma popular pista de gelo. O centro das atenções. Muita gente de bem com a vida. Transpirando alegria.

     Foi de peito ainda cheio que continuamos o périplo pela cidade. O Macy’s com as montras de fantasia. Décadas a estimular a ilusão de nova-iorquinos e visitantes. Ordeiras filas a contemplar essa arte, explorada por outras lojas com igual imaginação e bom gosto. A mesma luz na contemplação de miúdos e graúdos.

     Decidimos espreitar as ‘Meca’ do consumismo. Apreciar quem nelas passava. Apple store. Victoria’s Secret. Disney.

     Obviamente, público diversificado. Mas reações similares. Olhos ávidos. Fixação. Concentração. Às vezes quase obstinação, vício. Muita gente. Impaciência. Azáfama. Avidez. Muitos perdidos em mundo de sonho, mas notámos poucos sorrisos. Não tem piada.

     Saímos. Voltamos a respirar. Por todo o lado, vemos Natal no imaterial. E um mundo estranho no reino das ‘prendas’.

     Consumismo. Não é este o meu natal. Não é assim que o recordo. voltando à infância, uns vinte e tal em acolhedor T3 flaviense. Um amontoado de gente feliz, de todas as idades. Todos se tratam por tu. Até no respeito de netos para avós. Uma guitarra. Uma lareira. Muitas vozes. Quentes. Conversa perdida na noite. Reforçada com mais amigos, após a meia noite. Carteiras depauperadas, recordações simbólicas. Irrelevante. Momentos de felicidade, paz e bem estar como poucos na vida.

     Não comprei presentes para os amigos. Nem deixei para HOJE especiais mensagens ou sinais de afeto, amor. Eles conhecem-me. Sabem o lugar que ocupam no meu peito. A cada dia. Levo-lhes apenas histórias da viagem, sorrisos. Amizade, admiração e respeito profundo por todos. E TODOS os dias.

     Bom Natal. Hoje. Amanhã. E sempre.

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Rui Barbosa Batista relatou no blogue Correr Mundo a sua viagem pela América Central ao longo de Novembro/Dezembro. No site www.bornfreee.com  pode aceder a outros rela­tos e ima­gens sobre a viagem.

 

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