Comecei a minha viagem há tempo suficiente para ter conhecido, pelo menos, um português pelo caminho. Afinal este grande país de descobridores deveria ter nos genes qualquer coisinha de Vasco da Gama ou Diogo Cão. No entanto, mesmo reconhecendo que existe essa vontade e essa ânsia de viajar, sei também que os únicos portugueses que vi, mas com quem nem sequer tive oportunidade de falar, tinham mais de Dona Amélia de 80 anos (sem querer ofender as Amélias por esse país fora), que vai todos os dias à farmácia comprar os seus medicamentos, enquanto se queixa da vida que vive.
Por todo o lado as pessoas me perguntam se sou espanhol, ou simplesmente sorriem quando falo do meu país. Cito nomes como Pessoa, Saramago, Camões ou José Luís Peixoto. Falo de grandes artistas como António Variações, Amália, Carlos Paredes ou Moonspell. Com alguma vergonha digo, por fim, Cristiano Ronaldo, pelo que obtenho sempre a mesma resposta, “Ohh yes yes Real Madrid”.
Pergunto-me muitas vezes se nos perdemos nós. Não acho que o reconhecimento, seja lá de que forma for, seja importante, mas perco-me um pouco quando não entendo como todos sabem onde é a Bélgica, mas ninguém sabe de onde sou.
Falando agora de viagens, percebi finalmente quão caro é viver na Austrália. 3 dólares por uma garrafa de água, 10 por uma ida (com vergonha já que sou vegetariano) ao MacDonalds, e bem, no fim gastei mais em 3 semanas do que em 3 meses na Ásia. Tudo é sem dúvida demasiado caro, e custa-me perceber o porquê disto. Não existe mais qualidade, não existe melhor atendimento. As pessoas são sem dúvidas mais felizes por natureza e rara é a pessoa que não queira ajudar com tudo o que pode.
Apaixonei-me por Melbourne e descanso agora em Sydney. Através de algo semelhante ao couchsurfing, decidi então trocar algumas horas de trabalho por dia, por alojamento perto das maravilhosas praias de Manly, mesmo ao lado de Sydney. O sistema é simples. Faço tarefas como limpar a casa, pintar algumas coisas e no final posso cá ficar com uma família fantástica, que apesar de não me fornecer comida, tendo eu que arranjar a minha, são extremamente simpáticos, e uma das razões pela qual por vezes me apetece ficar cá mais tempo.
Tento agora decidir o meu futuro enquanto aguardo pelo Natal. Algumas coisas, no que toca ao meu futuro, ficaram em risco, mas estar aqui faz-me perceber que muitas vezes temos que sorrir e aceitar quem somos e o que temos cá dentro. Lá no fundo somos todos estranhos mas com muito para aprender e ensinar.
Descobri tarde, mas fiquei fascinada com o teu blog, e a forma como reportas tudo o que vives, e a tua experiência, dá vontade de querer fazer o mesmo!Estou ansiosa para ir à descoberta do mundo, começando pela Austrália, e realmente deu-me mais força com o que escreveste

Continuação de uma boa viagem
Olá Rosarinho. A Austrália é simplesmente fabulosa, mas honestamente eu perderia mais tempo na Nova Zelandia.
No entanto se quiseres posso escrever um roteiro simples com o que fiz e com o que achei que não vale a pena visitar. No entanto é apenas a minha opinião.
Beijo
Eu “ainda sou do tempo” em que as pessoas me falavam no Luís Figo quando eu dizia “Portugal”:)
É fabuloso… e reforço… extremamente fabuloso estar no caminho e descobrir tantas capacidades “escondidas” que nem imaginavamos ter!
Um abraço,
Dora
Acho incrível a tua capacidade de aventureiro!!
Bom Natal!!
Fascinante !