Aqui os dias começam de forma estranha. Quando sigo viagem nos improváveis “sleeping buses”, tudo começa perto das 00h quando entramos no autocarro. Isto quando entramos no autocarro a essa hora.
Ontem tudo começou às 00h. Esperávamos que nos viessem buscar numa esquina com a autoestrada número 1, mas após 2h, todos os autocarros passavam rapidamente pela esquina escura onde nos encontrávamos. Os locais iam passando e tentavam comunicar connosco. Alguns simpáticos, outros menos simpáticos. Mas após 3 longas horas, lá chegou o tão esperado veículo que nos viria buscar.
Como sempre a viagem seria atribulada. Estradas com buracos, muito barulho, buzinas a cada 5 minutos tornam impossível qualquer tipo de sono de qualidade.
8 da manhã e chegamos a Hoi An. Viajo ainda com Rebecca, que cada vez mais sofre do síndrome de quem começou agora a viajar. Cansada e com pouca paciência para seja lá o que for, poucas são as palavras que me dirige. Concluo que talvez seja altura de mudar de companheiro de viagem.
De um autocarro, entramos para outro. Após nem 5 minutos, somos bombardeados pelos condutores das milhares de motas que se encontram estacionadas à porta do hostel onde fomos deixados convenientemente.
Peço a um deles que me deixe num hotel que previamente tinha escolhido no guia do Lonely Planet, mas infelizmente acabo por concluir que estava cheio. Cansado, suado, e um pouco irritado pelas poucas horas de sono que tinha em mim, decidi gastar um pouco mais de dinheiro, e decidi seguir para outro hotel. 10usd, conseguiriam então um quarto decente.
Finalmente um duche. Por vezes as pequenas coisas ditam o quão bom o nosso dia pode ser. Como rapidamente algo, e sigo para me encontrar com as minhas novas colegas de viagem.
O dia passa apressado quando estamos com pessoas que carregam boas energias dentro delas. Não se trata de belos monumentos nem paisagens incríveis, mas sim gastar 1 usd, e partilhar esse momento com pessoas fantásticas que nos fazem sorrir.
Agora escrevo-vos do meu hotel. Em breve irei encontrar-me com as minhas amigas, para seguirmos para um bom jantar. Os dias aqui começam antes do dia sequer começar, e acabam quando tudo ainda tinha tanto para dar.
São 18.26 e é tempo de jantar.
Olá Filipe,
Acredito piamente que em viagem (mais do que em qualquer outra forma de estar), é essencial estarmos rodeados de boa energia e acompanhados por pessoas que percebam isto, caso contrário tornamo-nos vulneráveis, mais frágeis e uma porta aberta, portanto, para o que de mau possa acontecer.
Boas energias para ti!
Olá Filipe,
Vi que a tua ultima actualização foi há dois dias por isso só daqui a mais alguns é que deves ler o que te escrevo. Escrevo-te para reforçar a ideia de que és um rapaz corajosamente louco:) Quem diria que os teus posts de quero vender o carro iam dar numa viagem tão alucinante e invejável. O que mais me inveja na tua viagem é o facto de considerar que é a maneira mais interessante de conhecer a cultura dos locais que visitas, porque lidas directamente com as pessoas, vives como elas a vida delas e isso faz com que te sintas a verdadeira magia do local. Adianto-te já que além de me teres deixado uma vontade de fazer uma loucura parecida, me deixaste a imagem de alguns locais que anexei à “caixinha” de locais a conhecer:)
Desejo-te a maior sorte do mundo.. Espero que te vás cruzando com pessoas interessantes simpáticas, com motoristas menos agressivos, com menos cobras em casas-de-banho e com a viajantes que partilhem o teu espírito aventureiro.
Guarda contigo a ideia de que tens em Braga algumas pessoas a torcer por ti e, pelo menos falo por mim, vão ler atentamente os teus relatos…
Bjinho grande,
Lília
P.S. Não penses que te vais safar de mostrar essas fotos todas e de fazer um relato de cada país quando cá regressares:)
O meu night bus para Hué era horrível, mesmo sendo moderno qb tinha 2 corredores e 3 filas de “camas” estreitíssimas. fiquei nas camas do fundo, 5 camas lado a lado e eu entre um casal francês e outro holandês. Os holandeses comentaram comigo que não era bem aquilo que tinham visto na brochura, como eu os percebia.
Depois em Hué fui heroicamente em direcção ao hotel onde queria ficar, a ignorar os vietnamitas a pagos pelo hotéis que estavam à porta do autocarro, até que percebes centenas de metros depois que um deles era do hotel que queríamos. Ainda bem que foram chatos e não nos largaram.
Bela descrição…! As tuas novas colegas de viagem, as amigas de quem falas, conheces-te-as na viagem de camioneta para Hai An, ou são travellers com quem já tinhas uma “história”? Outra questão (sou chato, desculpa), tens material próprio para aceder à internet (portátil, tablet, whatever) ou vais saltitando por cybers/hoteis/whatever? Pergunto isto pois imagino a logística e o transtorno que deve ser fazer uma viagem solitária com esse tipo de material sensível “às costas”. Um abraço. João F. (Porto)
Bem vou tentar responder a tudo o que conseguir.
Quanto às amigas de que falo, foram apenas pessoas que conheci no autocarro e com quem iniciei uma conversa. Por cá todos temos que ser assim. Começar conversas com estranhos com quem nos possamos sentir à vontade, faz parte do dia a dia. Quanto a material para aceder à internet, comprei um pequeno netbook, e honestamente, apesar de não ser nada de especial, é ideal para matar saudades de casa e para falar com amigos. O único problema é que tenho que o carregar para todo o lado, e está sempre na minha mochila pequena, que está sempre comigo. Raramente deixo coisas no hotel, pois sei que podem desaparecer. Quanto menos vistoso o netbook seja, melhor é. Aqui tudo chama a atenção, e principalmente em dormitórios, pode sempre haver quem queira deitar a mão a algo assim.
Já agora aproveito para dizer que podem sempre perguntar tudo mas tudo o que quiserem que vou sempre tentando responder. Eu próprio tinha e ainda tenho questões quanto a viajar portanto, estou sempre disponível para responder a tudo.
Abraço e obrigado.