PÚBLICO

O blogue de 10 políticos em campanha

Comício Público

AGIR

Nuno Ramos de Almeida

Vencidos mas não convencidos

À hora em que escrevo os resultados dependem de uma questão fundamental: a direita atinge a maioria absoluta? Escrevo no pressuposto que não, os partidos do governo perderam mais de meio milhão de votos. Mas a ausência de alternativas credíveis colocou-os, ainda assim, como coligação mais votada. A segunda questão foi a incapacidade de o PS conseguir expressar o descontentamento da população. António Costa estava entre a espada e a parede: não é contra a austeridade e não está no governo mais troikista que a troika a receber as migalhas do Draghi. Continuar a ler →

Uma praça de gente madura e uma estátua de ferro a arder

Depois do almoço de reflexão que tive na véspera, com o meu amigo que serve a pátria na bucólica Bruxelas, acordei, com um pesadelo, a pensar que o governo que se seguia tinha António Costa a primeiro-ministro e Paulo Portas a vice primeiro-ministro. Bem me tinha alertado o meu amigo sobre a indicadora declaração de Portas que garantia que a fusão dos grupos parlamentares do PSD e CDS era “precipitada”. E que Portas sabia mais a dormir que Passos Coelho acordado depois de 20 cafés… Com este sentimento amargo de “evolução na continuidade” dirigi-me para votar. Continuar a ler →

Masoquismo eleitoral?

O mais revelador da sondagem do “Público” é que a maioria dos eleitores do PAF são contra a política da austeridade. É como se os  negros confiassem o seu voto à Klu Klux Klan ou a liga judaica desse o prémio de bondade a Hitler. Embora isso pareça pouco lógico, corresponde a um facto político que já era conhecido: a maioria dos portugueses sabe que a austeridade não serviu para nada, senão enriquecer os mais poderosos e destruir a vida da maioria da população; mas também não acredita nos partidos existentes sejam capazes de criar uma alternativa política. Continuar a ler →

Uma campanha sem fim

Esta campanha eleitoral está no fim. É previsível que nada fique como dantes, apesar de nada ficar totalmente diferente. A Direita vai perder centenas de milhares de votos e a maioria parlamentar. O PS pode também perder as eleições. As forças anti-austeridade não terão a capacidade de constituir uma alternativa. A batalha vai continuar sobre novas formas, só não teremos eleições legislativas mais cedo porque as presidenciais assim o impedem. Vai iniciar-se um novo ciclo de lutas, só poderá vencer o que se opõe ao bloco central dos interesses se jogar com novas regras e realizar novas convergências. Continuar a ler →

David contra Golias

A campanha do PAF é uma espécie de bolha paga que se desloca pelo país. Não são precisos simpatizantes , nem apoiantes nas ruas: os milhões trataram de levar o cenário apoteótico e profissional de terra em terra, para a comunicação social ampliar. Poupam-se dissabores e vozes do contra. Quando aparecem, lá está a segurança para tratar delas a preceito. Do outro lado da luta eleitoral estão os partidos que não recebem milhões de euros do Estado. Continuar a ler →

O inútil voto útil

A política só é política a sério quando pressupõe uma escolha alternativa de caminhos diferentes. Em Portugal há muito que substituímos isso pela dança da alternância entre os três partidos do centrão. O PS não é igual ao PSD e ao CDS, mas a governação, das suas sucessivas direcções, tem sido na defesa da mesma minoria que se acotovela nos conselhos de administração das grandes empresas e dos escritórios de advogado do regime. O último governo da direita foi tão criminosamente mau que é natural que mesmo uma pedra da calçada pareça uma melhor solução. Continuar a ler →

O governo volkswagen

O governo de Passos Coelho está para a economia como os fabricantes alemães de automóveis estão para o ambiente: não interessa melhorar a realidade é mais fácil aldrabar as coisas. Os fabricantes de automóveis criaram um dispositivo que permitia enganar os testes ambientais, a ministra das Finanças, e candidata do PAF, deu “indicações à Parvalorem, a empresa pública que gere os ativos tóxicos do antigo BPN, para esconder prejuízos do banco com o objetivo de não agravar as contas do défice de 2012, avança a Antena 1. Continuar a ler →

A conquista dos indecisos

A campanha eleitoral está a meio e, segundo a sondagem do “Público”, conseguiu o milagre de produzir indecisos: há mais pessoas que não sabem em quem votar que antes de começar a campanha oficial. Do meu ponto de vista, isto deve-se a três razões fundamentais: As duas de menor importância são uma cobertura informativa que se centraliza nos partidos do bloco central e a proliferação de sondagens de vão de escada, feitas baratas com o objectivo  de manter a tensão competitiva, mas não suficientemente  profundas para conseguir responder às intenções de voto dos portugueses – Basta ver que entre as sondagens da RTP e do “Expresso” há 10% de votos de diferença entre o que dão ao PAF e ao PS, para perceber a falta de precisão das ditas cujas. Continuar a ler →

O país das tecnoformas

Nestas eleições há vários países que vão às urnas. Um deles é das pessoas que sofreram com a austeridade, com os cortes nos salários e nas pensões, com a degradação dos serviços públicos e que vão penar ainda mais com o aumento das rendas especulativas das empresas de energia, telecomunicações, águas vendidas por tuta e meia, por este governo, ao estrangeiro. Este é o Portugal que trabalha mas que não é convidado a decidir quando lhe hipotecam a vida nas PPPs ou decidem entregar a soberania económica ao estrangeiro por via de tratados orçamentais, uniões monetárias não discutidas nem referendadas pela população. Continuar a ler →

Uma longa marcha

O polícia à paisana deu ordem de prisão aos activistas que cobriam a estátua do poeta Chiado de plástico negro. Aos berros dirigiu-se a um deles: “porque estão a fazer isto? Não sabem que é crime?”. O activista respondeu-lhe: “Para dizer que não queremos que Angela Merkel aterre amanhã em Portugal”. O agente parou. Bateu a pala e sorriu: “bom trabalho e boa sorte”. E foi-se embora. Esta foi uma das cenas mais reveladoras que vivi durante este longo período de contestação às políticas de austeridade. Continuar a ler →