PÚBLICO

O blogue de 10 políticos em campanha

Comício Público

CDS

Adolfo Mesquita Nunes

A abstenção não é de ninguém

Os eleitores que hoje dispensaram os políticos que temos dispensam com certeza que esses mesmos políticos se predisponham a ser seus intérpretes ou até representantes. Porque há sempre quem surja em tom moralista a explicar a razão da abstenção e há sempre quem nela veja a legitimação de uma qualquer posição política ou, pior ainda, a legitimação de outros espaços alegadamente mais democráticos do que as urnas, como a rua das manifestações ou os palácios dos golpes palacianos. Continuar a ler →

Efeitos das sondagens (2)

A aparente ausência de vantagem do PS sobre a Coligação contraria muitas das regras não escritas da política em Portugal e deve merecer reflexão. Mas não vejo, ao contrário de alguns, uma espécie de novo eleitor, mais atento ou exigente com promessas, com uma visão financeira e económica mais apurada, menos sensível a estratégias políticas e mais indisponível para acreditar no que parece bom demais. Circunstancialmente pode assim suceder. Mas trata-se de uma circunstância cuja pontualidade deveria aconselhar mais prudência. Continuar a ler →

Efeitos das sondagens

Pessoas que pediam ao PS que se encostasse à esquerda criticam hoje um PS encostado à esquerda. E socialistas que defendiam um diálogo com todos os partidos de esquerda defendem hoje que a esquerda só pode votar num único partido.

Os votos, pelos vistos, não chegam (2)

Pedir maioria para aprovar um programa de Governo, enquanto melhor consequência de uma vitória eleitoral, não é coisa nova, é até frequente. Pedir uma maioria para o chumbar, enquanto melhor forma de contornar uma derrota eleitoral, já é coisa menos vista por aqui. E é disso que se trata quando se considera natural que o derrotado reúna uma maioria não para aprovar um programa para os próximos quatro anos mas para impedir o vencedor de o fazer. Continuar a ler →

Primeiro passo para não ganhar eleições

O PS tem feito muito pouco para entender as razões de quem, depois destes quatro anos, manifesta vontade de votar na Coligação ou permanece na indecisão de saber se nela vota ou não. De certa forma, o PS parece acreditar que essas pessoas ou não viveram cá, ou não perceberam a difícil situação por que todos passaram e passam, ou são vítimas de uma poderosa estratégia de comunicação. Ora, o primeiro passo para não ganhar eleições é não conseguir perceber as razões do eleitorado, mesmo que delas discordando. Continuar a ler →

Uma questão de semântica

A introdução da condição de recursos nas prestações não contributivas da segurança social (prevista pelo PS aqui, pág. 23) não constitui semanticamente qualquer corte de prestações sociais: as prestações mantêm o seu valor e natureza, reduzindo-se apenas o número de beneficiários. Mas quem é beneficiário e deixa de o ser em virtude da aplicação de uma condição de recursos vê a sua prestação cortada, por mais justa que possa ser a estatuição dessa condição. E se essa condição passar a incidir sobre as pensões mínimas e rurais (e não se vê como não, pois são das poucas prestações que não têm ainda condição de recursos), teremos beneficiários que as deixarão de receber, que verão as suas prestações cortadas, apesar de não haver qualquer corte do valor das pensões. Continuar a ler →

Era suposto?

A coligação vai repetindo que o PS se enganou quando sucessivamente previu a espiral recessiva, a subida permanente do desemprego e a queda iminente das exportações, a necessidade de mais tempo e mais dinheiro, o segundo resgate e o programa cautelar. No fundo, a coligação vai repetindo que o PS nunca achou que o país fosse capaz de acabar o programa de assistência no tempo previsto e que pudesse começar a crescer a partir daí. O que a coligação diz menos, e é tão ou mais importante, é que esses sucessivos enganos do PS não são fruto de um discurso de mera oposição. Continuar a ler →

Este é o dia

Fomo-nos habituando a que a Grécia fizesse parte da política interna, trazida por todos, pela esquerda e pela direita, quase sem excepções. Houve de tudo e o seu contrário, às vezes pela mesma boca: ‘nós não somos a Grécia’, ‘todos somos Grécia’, ‘a Grécia dá-nos força’, ‘conto de fadas’, ‘princípio do fim da austeridade’, ‘virar de página’, ‘afinal (não) há alternativa’. Até que chegou o dia em que a política interna, à esquerda e à direita, quase sem excepções, já se não interessa ou entusiasma pela Grécia. Continuar a ler →