Mal desliguei o telefone percebi que o assunto ia parar às páginas da entrevista que acabara de dar, mas sentia-me demasiadamente perturbada para me preocupar com isso. Estávamos a meio da conversa quando gritei: «Não macreditoooooo!!!».
«Como?» – perguntou a jornalista sem perceber a mudança do tom da conversa. Atónita, claro. Sem se apressar demasiado, para não perder a pose, a gata passou por mim, a boca cheia de penas, esgueirou-se do escritório para o corredor e dali para a cozinha e dali para o jardim. Levava o pássaro na boca e já não havia nada a fazer. O timing perfeito…
Um dia, se escrever a crónica desta campanha, para além de falar das pessoas, terei de referir o papel do Timóteo, o cão que há cinco anos apanhámos na rua, já adulto e num estado lastimoso de ansiedade e medo, que, desde então anda comigo para quase todo o lado, lançamento de livros inclusive, e entra nas campanhas, a ponto de já lhe chamarem a Mascote do PAN. Também terei de referir a Maia, que resgatámos em Maio. Um patético saquinho de ossos, toda fome e pavor, que em meses ficou uma beleza de cadela velhota e feliz.
E a gata de telhado, que um belo dia saltou para a minha vida, para o meu colo e, meses mais tarde, para o título da primeira reportagem escrita sobre a candidatura presidencial, roubando-me descaradamente o protagonismo. Chamei-lhe Lolita por ser tão sedutora e pequenina e arisca; e Miausótis pelo seu miado tão blue.
E… ele. Um pardal caído do ninho e apanhado na rua. Cresceu à solta, no escritório. Dormia num chapéu de feltro. Já sabia voar. Ensinei-o a comer e outras coisas úteis na vida de um passarinho. Mais uns dias, achava eu, e teria a sua hipótese. Acabou tudo na goela da Lola no preciso momento em que, ao telefone, eu dava a tal entrevista ao Público.

E os leitores com isto? Para além do follow up de uma estorinha que foi mais partilhada que eu sei lá e até teve honras de cartoon (obrigada queridas Pessoas!), gostar mesmo de bichos é um denominador comum no PAN, onde muitos de nós têm cães ou gatos ou outros animais resgatados (não os compramos nunca) e a causa é defendida por todos os meios ao nosso alcance. Se formos à raiz deste amor incondicional, o que amamos acima de tudo é o dom sagrado da Vida que, nos animais, é patente na sua pura inocência. Daí a sua fragilidade. Daí a forma obscenamente cruel como são usados para nosso triste proveito.
As medidas que propomos são várias e todas de peso. No caso dos animais, por exemplo, pretendemos equiparar o IVA da alimentação dos animais de companhia e o IVA dos tratamentos medico-veterinários à taxa reduzida de 6%, e também poder fazer uma dedução em sede de IRS destas despesas, porque os animais fazem parte da família. Outra das medidas que queremos consagrar na lei é a criminalização do abandono, para além dosmaus tratos, conferindo dignidade jurídica aos animais. E fazer aplicar medidas duras que travem de uma vez actividades «lúdicas» que lucram com a morte ou sofrimento de animais. Como afirmou recentemente André Silva, líder do PAN «Touradas, caça desportiva e circo com animais devem ser proibidas […] Não se podem gastar dinheiro públicos na cultura da morte e do sangue e não investir nas pessoas. […] Encarcerar animais nos circos para divertimento de alguns é inadmissível.»
A terminar, um extracto da mensagem de apoio ao PAN de Marianne Thiemeue líder do Partido dos Animais Holandês que recebemos recentemente: «Compaixão e sustentabilidade são as prioridades para transformar Portugal numa sociedade mais sustentável uma sociedade que protege os direitos dos mais fracos dos direitos assumidos pelos mais fortes. […] Temos que alterar o nosso foco dos interesses a curto prazo do mundo ocidental para um planeamento de âmbito alargado onde os direitos humanos e dos animais, da protecção do ambiente e da natureza, resumindo todas as coisas que realmente interessam nas nossas vidas, são o nosso principal objectivo.»
PAN | Programa Eleitoral – Eleições Legislativas 2015: «Defender a natureza, o meio ambiente e os animais não-humanos é defender o animal humano, não fazendo qualquer sentido separar esferas de interesses. A luta contra todas as formas de discriminação, opressão e exploração do humano pelo humano deve ampliar-se à libertação dos animais e à defesa da natureza e do meio ambiente, sem a qual se perde fundamentação, coerência e valor ético.»
O Livre seria incorporado no PAN com bombistas e tudo, ou estes ficariam de fora?
Dúvida: os princípios do PAN não caberão dentro do LIVRE?…
O PAN já existia antes do Livre, por isso faz mais sentido fazer a pergunta ao contrário.
Basta ver os programas e manifestos de ambos para perceber que pouco têm a ver. Mais seria o Livre a ser incorporado pelo PAN. =)