Um Hollanda caprichado

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Durante décadas, Cecília Buarque de Hollanda, tia de Chico Buarque, recortou e coleccionou tudo o que conseguia sobre o sobrinho.
Uma das irmãs de Chico, Miúcha, recebeu de herança esses papéis do acervo do compositor e passou-os a Regina Zappa que os estudou.
Grande parte do acervo está digitalizado e acessível no site do Instituto Antonio Carlos Jobim e serviu para a fotobiografia Para Seguir Minha Jornada – Almanaque Chico Buarque que Regina Zappa publicou na Nova Fronteira. O livro está disponível em português na Amazon.com, em versão ebook. Pode ser lido no Kindle, no iPad, no iPhone, ou num computador.
A jornalista conta pequenas histórias da carreira do músico e faz o retrato de uma época.
Uma das mais divertidas é a do animal que apareceu no quintal dos Buarque em São Paulo. Tinha fugido de um circo, mas quando Chico foi avisar a mãe que havia um elefante no quintal: “Que bobagem é essa? Vá para o quarto estudar sua geografia.” E o pai, o historiador Sérgio, disse: “Joga na lata do lixo.” As crianças foram para o quintal medir o elefante em palmos.
“Chico levaria horas para viajar da cauda à cabeça.” Outra história: Chico tinha um sonho de entrar num bar e pedir um Hollanda e o empregado gritar: “Salta um Hollanda, no capricho.” Numa viagem para Belo Horizonte foi parando em bares e pedia um Hollanda.
Como ninguém sabia o que era, explicava que se tratava de pão de forma com queijo derretido e rodelas de tomate.
“Na volta da viagem, passou de novo nos mesmos bares e qual não foi sua alegria quando em vários deles, ao pedir um Hollanda, o garçom trazia o inventado sanduíche sem titubear.” Explicações detalhadas sobre alguns assuntos foram dadas para o livro pelo próprio músico.
É o caso da história de Roni Berbert de Castro, o baiano que teve a ideia de reunir Chico e Caetano num concerto ao vivo (Novembro de 1972): “O Roni não era produtor de nada, era um cara que tinha uma loja de discos – onde a Gal foi vendedora quando ainda era Gracinha – que só vendia bossa nova, jazz e música clássica, na Salvador dos anos 1960. A loja faliu, por supuesto. Ele me viu cantando Pedro Pedreiro na televisão e me contratou sem me conhecer para cantar numa boate na Bahia, no meu primeiro show fora do circuito paulista. Na primeira noite não veio ninguém. Na segunda, a Silvinha Telles, que estava de passagem pela Bahia, deu uma canja e juntou uns vinte gatos pingados na plateia. Acho que o Roni acabou torrando a fazenda de cacau que o pai, personagem de Jorge Amado, lhe deixara de herança, juntamente com umas tantas dívidas. Enfim, meu compadre Roni era aquele cara que ouvia música e chorava. Morreu cedo, do coração, é claro.”

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Já disponível em
português na Amazon.com,
em versão ebook 13,79$ (10,35€)

(Publicado na revista 2, do PÚBLICO em 8 de Abril de 2012)

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