As memórias de Salman Rushdie chegam às livrarias em Setembro

“Eu sou lento, não sou um escritor muito rápido. Pergunte-me outra vez sobre este livro daqui a dois anos” foi a resposta que Salman Rushdie deu em 2010, na Festa Literária Internacional de Paraty, no Brasil, para se esquivar a revelar pormenores sobre o livro de memórias que estava a escrever sobre os dias da fatwa. Apesar de ter adiado o momento, o escritor sempre soube que iria escrever sobre os tempos terríveis que se seguiram à sentença de morte lançada pelo Ayatollah Khomeini, a 14 de Fevereiro de 1989, por causa do romance Os Versículos Satânicos. E quando esteve em Paraty já tinha escrito 70 páginas, depois de ler os diários que manteve na época: “O que é interessante no que aconteceu é que realmente aconteceu. Se se inventasse isto para colocar numa obra de ficção, as pessoas iriam dizer que se tratava de um mau romance. É verdadeiro e, por isso, é preciso contá-lo como uma história de não-ficção.” Dois anos passaram e Joseph Anton: A Memoir está pronto, tem cerca de 700 páginas, e vai ser lançado a 18 de Setembro. Durante os quase dez anos em que viveu escondido, sob protecção policial, Salman Rushdie dava pelo nome de Joseph Anton: uma combinação dos nomes de dois dos seus autores preferidos, Joseph Conrad e Anton Tchékhov.
Escolheu-o para título do livro porque achou muito estranho terem-no obrigado a abdicar do próprio nome: “Sempre me senti desconfortável quanto a isso, e pensei que ajudasse a dramatizar, para o leitor, a profunda estranheza e o desconforto desses anos” (a fatwa foi retirada em 1998). Nas suas memórias, Rushdie falará de momentos tristes e de outros caricatos que lhe aconteceram enquanto vivia escoltado. Em Portugal, o livro vai ser publicado pela Dom Quixote.

(notícia publicada no Ípsilon de 20 de Abril de 2012)

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