Ciberescritas
isabel.coutinho@publico.pt
Pottermore.com abriu as portas a toda a gente apesar de tudo parecer feito às pinguinhas.
No ano passado, a equipa de J. K. Rowling lançou este website e abriu uma conta no Twitter com o mesmo nome. Desde essa altura, alguns felizardos (que resolveram uma espécie de caça ao tesouro) puderam ver o que por lá se passava, ainda na versão beta. Só no final de Março deste ano é que abriram o acesso público à loja Pottermore, onde se podem comprar os sete ebooks da saga Harry Potter por um preço inferior ao dos livros impressos.
No sábado passado, os outros conteúdos do website ficaram disponíveis para todos. Mas é preciso ter alguma paciência. Depois de se fazer o registo, em que nos são pedidas informações básicas como a data de nascimento, é-nos atribuído um username (o meu é RainProphecy1928).
Por fim, quando pensávamos que nos ia ser concedido o acesso, surge na nossa caixa de correio um aviso por email: “Se estivermos com um grande número de pedidos de acesso, você poderá não receber imediatamente um email, mas estamos a fazer tudo o que podemos para o fazer o mais rapidamente possível”. Ainda estou à espera.
De qualquer maneira, o comunicado de imprensa explica que os fãs de Potter passam agora a ter a possibilidade de “partilharem histórias de uma forma completamente diferente”. Podem entrar na Escola de Feitiçaria e Magia de Hogwarts e divertir-se no universo animado de Harry Potter e a Pedra Filosofal. Outras brincadeiras virão a seguir.
A abertura da loja Pottermore e o facto de a saga estar finalmente disponível em formato digital representaram para Philip Jones, da The Bookseller, o “momento Beatles” do mercado editorial digital mundial. Para já, os ebooks e os áudiolivros do Harry Potter estão em inglês, mas brevemente estarão disponíveis em francês, alemão, espanhol e italiano e os audiolivros em alemão e italiano.
Mais tarde irão ser lançados enhanced books, os ebooks que utilizam as capacidades multimédia. Os livros em formato digital agora lançados têm a particularidade de serem livres de DRM e poderem ser lidos em vários aparelhos ao mesmo tempo (nos vários modelos da Sony Reader; nos Samsung Galaxy; nos vários modelos de Kindle; no Nook da Barnes & Noble, no Kobo eReader, no iPad). Mesmo assim os leitores só os podem comprar através do Pottermore. Se alguém for tentar comprar estes ebooks numa das livrarias internacionais, como a Amazon ou a Barnes & Noble, é redireccionado para Pottermore.
A autora não brinca em serviço: conseguiu controlar os direitos digitais sem ter de partilhar lucros. Ao mesmo tempo, prepara o seu regresso com uma obra completamente diferente. Algumas destas novidades têm sido dadas pela própria J.K. Rowling através da sua conta no Twitter. “Esta sou mesmo eu mas vocês não vão ouvir-me muito por aqui porque a caneta e o papel continuam a ser as minhas prioridades no momento”, foi um dos primeiros tweets que a britânica escreveu há uns anos.
No dia 12 de Abril anunciou a abertura do seu novo site, o jkrowling.com, através do Twitter e avisou os seus seguidores de que o seu próximo livro ia ser muito diferente dos de Harry Potter. A Little, Brown – que é também a editora de Stephenie Meyer – vai publicar a 27 de Setembro o seu romance para adultos, The Casual Vacancy, em versão de capa dura, ebook e audiolivro em língua inglesa, sendo o editor David Shelley responsável pela edição no Reino Unido e Michael Pietsch nos EUA. No mercado editorial este é “o momento” J.K. Rowling.
J. K. Rowling
Pottermore
http://insider.pottermore.com/
(crónica publicada no ípsilon de 20 de Abril de 2012)