Ponto de não retorno

Quando S. chegou a Lisboa, depois de uma viagem a Nova Iorque, sentou-se no sofá da sala e lamentou não ter trazido na mala um iPad, o novo tablet da Apple, que ainda não se sabe quando estará à venda em Portugal.

M. não foi a Nova Iorque, mas mal soube que o iPad ia ser vendido em Espanha, encomendou um através da net para ser entregue na morada de familiares que vivem naquele país. Quando o aparelho chegou às suas mãos, em Lisboa, M. percebeu que nada ia voltar a ser como antes. Percebeu que está a acontecer uma revolução na forma como lemos jornais e revistas. Para isso bastou-lhe ir buscar a nova aplicação que a revista norte-americana “Wired” fez para o iPad. Ler esta revista num iPad, com todas as possibilidades que um ecrã táctil dá ao leitor, é fantástico. De repente, uma publicidade a um carro transforma-se num jogo interactivo. Uma imagem numa entrevista passa a ser, ao toque de um dedo, um vídeo com o entrevistado. Uma infografia ganha vida, muda de cor. Tudo isso graças ao deslizar e toque dos dedos. Há uma sensação de proximidade que não se tem quando se lê num computador.

Quando peguei num iPad pela primeira vez, não foi amor à primeira vista. Mas as semanas vão passando, e agora o tablet da Apple não me sai da cabeça.
Um iPad é muito mais pesado que um Kindle.
Escrever no iPad é uma maçada e as dedadas ficam no ecrã e os reflexos também. Mas a rapidez do aparelho é impressionante. Ler banda-desenhada, por exemplo, com a aplicação da Marvel para o iPad, é entrar noutra dimensão. Ler livros infantis no iPad ou a versão de “Alice no País das Maravilhas” da AtomicAntelope é um divertimento. No You Tube já se encontram vídeos onde se podem ver crianças de dois anos e meio a interagirem com o aparelho.

Na segunda-feira, Steve Jobs, durante a apresentação do novo modelo do iPhone, o smartphone da Apple, disse que se vende um iPad em cada três segundos e que já foram vendidos mais de um milhão de aparelhos em 28 dias. Acrescentou: foram descarregados mais de 5 milhões de livros para estes aparelhos, durante os primeiros 65 dias de funcionamento da loja dedicada aos livros em formato electrónico da Apple, a iBookstore.

Falou em 2,5 livros por cada aparelho vendido, mas não especificou se os livros descarregados eram gratuitos.
A aplicação iBooks, além de estar disponível no iPad, vai passar a estar também disponível no iPhone 4 como um download gratuito através da App Store. A aplicação inclui a iBookstore, que permite procurar, comprar e ler livros num dispositivo móvel e que tem mais de 60 mil títulos disponíveis. Quando se estiver a ler um livro podem fazer-se marcas, destaques e notas. Os utilizadores do iBooks poderão também ler e gravar PDF directamente na aplicação. E vão poder ler o mesmo livro no seu iPad, no iPhone ou no iPod touch.

A Sony fez uma sondagem nos EUA e percebeu que 11 por cento dos americanos que compraram um iPad o fi zeram porque queriam ler livros. “Daqui a cinco anos vai ser vendido mais conteúdo digital do que impresso”, afi rmou ao “The Telegraph” Steve Haber, o presidente da divisão da Sony que se dedica aos leitores digitais. No mercado editorial e dos e-books, diz ele, chegou-se ao ponto de não-retorno.

iPad
http://www.apple.com/pt/ipad/

http://www.apple.com/pt/ipad/apps-for-ipad/

(crónica publicada no suplemento Ípsilon. do jornal PÚBLICO de 11 de Junho de 2010)

Esta entrada foi publicada em Ciberescritas, Ípsilon com os tópicos , . Guarde o href="http://blogues.publico.pt/ciberescritas/2010/06/30/ponto-de-nao-retorno/" title="Endereço para Ponto de não retorno" rel="bookmark">endereço permamente.

Deixar um comentário