Um livro, um Twitter

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Ciberescritas

Isabel.Coutinho@publico.pt

Eu tenho um sonho. Uma ideia. Um possível conceito grande. Na verdade, como Auggie March diria: ‘Eu tenho um esquema’. O que aconteceria se toda a gente no Twitter lesse o mesmo livro ao mesmo tempo e formássemos um monumental clube do livro?”, escreveu Jeff Howe, em Março, no blogue Epicenter da revista norte-americana “Wired”. E assim nasceu o projecto “Um livro, Um Twitter” (1Book1Twitter), que está a fazer furor.

Para quem não sabe, o Twitter é uma rede social de “microblogging”, um sítio onde se pode criar um blogue com micro-textos de 140 caracteres que são enviados para a nossa rede de amigos (os que gentilmente nos seguem). Este bolseiro da Fundação Nieman, na Universidade de Harvard, que escreveu o livro “Crowdsourcing -Why the Power of the Crowd Is Driving the Future of Business”, teve esta ideia com pés para andar inspirando-se nos programas que as bibliotecas de grandes cidades costumam organizar. Jeff conta no seu blogue que em Seattle, no ano de 1998, os habitantes da cidade se juntaram para ler o livro “Sweet Hereafter”, de Russell Banks. Foram seguidos pelos habitantes de Chicago, que uns anos depois desataram a ler “Não Matem a Cotovia”, de Harper Lee. No ano passado, os cidadãos de Edimburgo leram “O Mundo Perdido”, de Arthur Conan Doyle.

Foi por isto que Jeff se lembrou que o Twitter “seria uma plataforma para um clube do livro melhor do que um mero acidente como a proximidade física”. Falou desta sua ideia no blogue e lançou o desafio: “Gosto de livros. Vocês também. Vamos gostar de um livro todos juntos e mandar às favas a nossa localização geográfica actual”.

O primeiro passo foi a votação do livro que toda a gente queria ler ( Jeff queria que fosse um livro traduzido para imensas línguas e que estivesse disponível gratuitamente). Finalmente o livro foi escolhido por todos: venceu “American Gods”, de Neil Gaiman, a história do ex-condenado Shadow, que sai da cadeia e faz uma bizarra viagem pelos EUA com o senhor Wednesday (ficaram de fora obras de Ray Bradbury, Kurt Vonnegut, Toni Morrison e Arundhati Roy).

As leituras começaram no dia 5 de Maio e, como escreve Jeff , todos começaram: “A ler, a twittar, a ler e a twittar.” Foi preciso perceber como é que milhares de pessoas podiam ler um livro ao mesmo tempo sem arruinarem as leituras uns dos outros. Decidiram então calendarizar as discussões por capítulos. Esta semana, e até ao dia 18, podem discutir-se os capítulos 4,5 e 6.

O objectivo de Jeff Howe era criar uma comunidade sem fronteiras geográficas, culturais, étnicas, económicas e sociais. No início dizia que, se tudo corresse bem, inaugurariam uma tradição anual de Verão no Twitter e que, na pior das hipóteses, iniciariam mais um clube do livro no Twitter. No momento em que escrevo, seguem 1Book1Twitter 7.564 pessoas. Os países de onde essas pessoas estão a ligar-se já dão a volta ao mundo e até Neil Gaiman tem acompanhado a aventura de perto (o escritor já avisou que vai responder às perguntas dos leitores no seu blogue).

Epicenter
http://www.wired.com/epicenter/2010/04/one-book-one-twitter-let-the-voting-begin/

Um Livro, Um Twitter
http://twitter.com/1B1T2010

No Facebook
http://www.facebook.com/1Book1

Twitter
http://www.crowdsourcing.com/

Neil Gaiman Blogue
http://journal.neilgaiman.com/

(crónica publicada no suplemento Ípsilon, do jornal PÚBLICO de 14 de Maio de 2010)

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