Na ponta dos dedos

Ciberescritas

Isabel.Coutinho@publico.pt

É amanhã, 3 de Abril, que chega às lojas americanas o iPad, o tablet da Apple, que servirá para ler livros, jornais e revistas, jogar, ouvir música, ver vídeos, navegar na Internet, brincar com fotografias e milhentas outras coisas de que me estou a esquecer. Por enquanto o aparelho, que tem um ecrã táctil e é uma espécie de iPhone gigante mas não serve para telefonar, não estará à venda em Portugal. Lá virá o tempo.

Tal como é costume acontecer quando é lançado um “gadget” deste calibre, que se imagina vir a mudar os hábitos de muitas pessoas em todo o mundo (foi assim no caso do iPhone e do Kindle), começa o “sururu” nos média. Lembram-se de Nicholas Negroponte, o cientista do Media Lab, do Instituto de Tecnologia do Massachusetts? Pois Negroponte, que há uns anos publicou o livro “Ser Digital” (ed. Caminho), reapareceu na última edição da revista “Wired”, onde durante anos escreveu uma coluna de opinião. É uma das 13 personalidades a quem a revista perguntou sobre os Tablet.

O fundador da associação One Laptop per Child (um computador por criança) surpreende o leitor ao afirmar logo na primeira frase: “Quando se fala de ebooks, nunca se realça a grande vantagem que é serem lidos na cama. As páginas dos livros impressos não desaparecem ou reaparecem, temos que as folhear, o que é bastante estúpido e nem sempre é fácil quando estamos na cama, deitados de lado. Por isso, porquê os tablets? A resposta é curta: só precisamos de uma mão para os usar. E isto não é válido só para quando estamos na cama. Alguma vez imaginaram a quantidade de pessoas que pode andar a olhar para a mão? Mensagens escritas estão a substituir a fala e os polegares estão a substituir os lábios.” E depois, Negroponte explica que por enquanto somos obrigados a estar sentados para usar os computadores mas com os tablets isso vai mudar: vamos poder
utilizá-los em pé e não nos sentiremos desconfortáveis.

“São o novo livro, o novo jornal, a nova revista, o novo ecrã de televisão, e potencialmente o novo computador portátil. Alguma
coisa que transportamos – e, sim, que podemos perder”, afirma este especialista que vê neles a resolução para o acesso aos livros por parte
das crianças em aldeias remotas em África. Pode ser que sim, que seja um visionário e que a versão tablet do computador XO, da One Laptop per Child, a ser lançado em 2012, seja a resolução para a falta de bibliotecas em lugares inóspitos.

Como se já não nos bastasse o entusiasmo de Nicholas Negroponte, também o jornalista norte-americano Steven Levy, outro especialista nestes assuntos, parece eufórico. Escreveu também na “Wired” um artigo intitulado “Como o Tablet vai mudar o mundo” e fala no início de um novo paradigma.
Mesmo para os mais cépticos, uma coisa é certa: depois de amanhã nada ficará como antes. O computador portátil tal como o concebemos hoje, com pastas e ficheiros a que acedemos com o clique num rato, deixará de fazer sentido. Os nossos dedos vão deslizar e batucar em ecrãs tácteis, oh yeah, e vamos descobrir um admirável mundo novo na ponta dos dedos.

iPad
http://www.apple.com/pt

Revista Wired
http://www.wired.com/

(crónica publicada no suplemento Ípsilon, do jornal PÚBLICO, de 2 de Abril de 2010)

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