Eles tomaram conta disto

( “Coisinha sexy”, de Ruth Marlene, passou a ser – depois da festa de lançamento do inédito de Bolaño no Bar da Praia, na Póvoa de Varzim -, o hino dos bloggers nas Correntes. Fui roubá-lo descaradamente ao blogue do irmão Lúcia)

Ciberescritas
Isabel.Coutinho@publico.pt

Se não fosse a Sara Figueiredo Costa, do blogue Caldeirão Voltaire, o que havia de ser de nós? Se não fosse o Pedro Vieira, do blogue Irmão Lúcia, a vida não tinha graça nenhuma.

Se o João Pombeiro não tivesse aqueles repentes em que lhe dá para alimentar o blogue da “Ler”, não saberíamos a quantas andamos.

Se o José Mário Silva, do Bibliotecário de Babel, não fosse pai, talvez tivesse estado todos os dias no Correntes d’Escritas a tirar boas fotografias e as que têm aparecido por aí espalhadas nos blogues não estariam desfocadas, com aquele ar de que foram tiradas com telemóveis em sítios com pouca luz.

Se o Paulo Ferreira e o Nuno Seabra Lopes não tivessem uma base de apoio em Lisboa, o blogue da edição Blogtailors não estaria, durante os dias que dura este festival literário, em constante actualização (ai, que a inveja cai sobre nós).

Se o Eduardo Pitta tivesse estado na festa no Bar da Praia, da Póvoa de Varzim, onde foi lançado o livro inédito do Bolaño, o seu relato do evento seria o “post” mais visitado do blogue Da Literatura.

Se o Luís Ricardo Duarte não tivesse um tempinho e um bloquinho para apontar tudo, o novo site do “JL- Jornal de Letras Artes e Ideias” não nos teria contado que Manuel da Silva Ramos transportava um capacete dentro da mala.

Se o Manuel Jorge Marmelo não andasse tão entretido na Póvoa, talvez o seu Teatro Anatómico tivesse tido mais histórias das Correntes d’Escritas. Mas embora sejam poucas, o blogue tem uma que vale a pena.
É que Manuel Jorge Marmelo foi protagonista de uma das cenas mais surpreendentes deste festival, num dueto entre o miúdo do Porto e Malangatana.

“Enquanto inventava uma história que espantasse a audiência”, Malangatana arranjou forma de fazer com que Marmelo acabasse por ler um dos seus poemas para o auditório a abarrotar. A seguir, o escritor português entusiasmou-se tanto que quando o pintor foi “instado a cantar a música islandesa que tinha acabado de inventar” Marmelo ofereceu-se para o acompanhar batucando na mesa.

Conta ele: “Batuquei, pois, enquanto Malangatana cantava sons guturais. Se a memória não me atraiçoar, esta há-de ser uma coisa para contar aos meus netos: o irrepetível momento em que ajudei um velho buda moçambicano a cantar para uma audiência de trezentas pessoas.”

Será que me estou a esquecer de alguém? Certamente.

Muito mudou em dez anos. O Correntes d’Escritas, festival literário de escritores de expressão ibérica, era outra coisa antes de os blogues terem tomado conta disto. E como se ouvia lá pelos cantos: “Se está na internet é porque é verdade”.

Correntes d’Escritas 2010
http://www.cm-pvarzim.pt/go/correntesdescritas/


Blogtailors-blog da edição

http://www.blogtailors.blogspot.com/


Irmão Lúcia

http://www.irmaolucia.blogspot.com/

Cadeirão Voltaire
http://cadeiraovoltaire.wordpress.com/

Da Literatura
http://daliteratura.blogspot.com/

Teatro Anatómico
http://teatro-anatomico.blogspot.com/

JL
http://aeiou.visao.pt/JL

(Crónica publicada no suplemento Ípsilon, do jornal PÚBLICO de 5 de Março de 2010)

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2 comentários a Eles tomaram conta disto

  1. Ruth Marlene!!!!!!
    Os Homens de letras estarão de boa Saúde????

    Ao menos, para fugir o pé para o chinelo, podiam ter ido buscar o Canário a Viana do Castelo.

    Ao menos era a brejeirice sob a forma de Rima

  2. Como frequentadora assídua do «Correntes d’Escritas», confesso que o que mais me fascina neste universo é a multiplicidade do significado das palavras, que são finitas, porém, conseguem dizer quase as mesmas coisas sempre de modo tão diferente, como se fossem infinitas. Nada se inventa, em Literatura. Mas tudo se transforma quando as palavras se cruzam com a criatividade que cada escritor transporta em si.

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