Em pulgas

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Ciberescritas

Isabel.Coutinho@publico.pt

A Flip -a Festa Literária Internacional de Paraty é hoje “uma das farras literárias mais animadas do país”, escrevia há semanas na “Folha de S. Paulo” o escritor Marcelino Freire, que depois de ter lá ido a primeira vez nunca mais deixou de ir. “Gosto disso, sempre digo: a literatura associada ao ‘provolone’ [tipo de queijo], ao pastel e à batata frita”, escrevia Marcelino que na próxima edição que começa na quarta-feira e termina no domingo (de 1 a 5 de Julho) partilhará uma mesa com angolano Ondjaki. Defendia que eventos literários como a Flip (que partiu de uma ideia da editora inglesa Liz Calder, fundadora da Bloomsbury) “humanizam a figura do escritor”: “O mesmo cara chato a quem você assiste numa palestra à tarde, pode encontrá-lo à noite, tropeçando, bêbado, pelas esquinas bêbadas do local.” O português António Lobo Antunes é um dos convidados da edição deste ano. O escritor que tem família do outro lado do Atlântico (o seu avô nasceu no Pará) já não vai ao Brasil desde 1983. Numa entrevista intitulada “Um lobo a caminho”, que deu no início deste mês pelo telefone a Suzana Velasco, do jornal brasileiro “O Globo”, disse que não quis saber qual era o tema da sua mesa, nem com quem a ia partilhar. Gosta de “surpresas”.


Quando a jornalista lhe explicou que estará sozinho em cima do palco, o Prémio Camões 2007 respondeu-lhe: “Eu sozinho? Então eu me sento ‘embaixo’ da mesa.” Estes textos podem ser lidos no site oficial da Flip.

Isto promete. Em Paraty, como se percebe, tudo pode acontecer. E já que estamos nestas histórias vale a pena lembrar aquela que Flávio Moura, o director da programação da festa literária deste ano, escreveu no seu blogue. Lembrou-se dela depois de se ter visto na situação de dar uma entrevista colectiva na conferência de imprensa do anúncio ofi cial da 7ª Festa Literária Internacional de Paraty, onde são esperados pela organização cerca de 25 mil visitantes. Contou ele que na Flip de 2003 organizaram uma entrevista colectiva com o escritor americano Don DeLillo. “Logo no começo da conversa, ele disparou: ‘Os Estados Unidos invadiram hoje o Irão’. Diante dos olhares de espanto, ele emendou: ‘sempre achei que entrevistas colectivas fossem para anunciar eventos de grande magnitude. Então achei que devia inventar um’.” A juntar a isto só a loucura que é a compra dos bilhetes para assistir às conferências. Mesmo os jornalistas têm que comprar bilhetes e Ricardo Costa, da “Publish News”, escrevia há tempos: “Segunda-feira, 1/6. São 9h50 e pego o telefone preparado para a batalha da compra de ingressos para a FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty). Surpresa! Fui atendido – atendimento automático, mas tudo bem -pela Ingresso Rápido já na segunda tentativa. E era o número 22 da fila! Me empolguei, mas com o pé atrás -a experiência dos 90 minutos do ano passado ainda é viva. E não é que deu certo! Às 10h fui atendido e às 10h15 estava com os ingressos comprados e a transacção finalizada. Infelizmente não foi a mesma experiência do meu amigo José Luiz, que foi atendido rapidamente, mas logo a ligação caiu e depois disso foi uma luta para conseguir os ingressos. Mas conseguiu.

Maria Fernanda, outra amiga da qual também acompanhei a batalha teve pior sorte: a ligação caiu e só depois de muito tempo conseguiu novamente ser atendida; mas perdeu todos os ingressos que já havia começado a comprar.(…) O que nos vale é que no site oficial da Flip há um espaço onde serão transmitidos ao vivo os eventos através de um sistema de vídeo.”


Blogue de Marcelino Freire

http://www.eraodito.blogspot.com/

Blogue de Flávio Moura
http:// flaviormoura.wordpress.com/


Flip -site oficial e Twitter

http://www.flip.org.br/
http://www.flipinha.org.br/
http://twitter.com/flip2009

Publish News
http://www.publishnews.com.br

(publicado no suplemento Ípsilon, do jornal PÚBLICO de 26 de Junho de 2006)