O romance mais esperado de Lorrie Moore vai chegar às livrarias americanas em Setembro: “A Gate at The Stairs” é o regresso da autora de “Pássaros da América”. Não publicava desde 1998.
Isabel Coutinho, em Nova Iorque
Lorrie Moore não gosta de falar em público. Por isso arranjou um estratagema para a sua conferência na Book Expo America (BEA) onde falou sobre o novo romance. Fingiu que levava cartões com perguntas que leitores lhe tinham feito. Respondia a umas e a outras não. Explicava porquê. Por exemplo, à pergunta: “Não publica há 11 anos”, respondeu: “Vamos passar à frente com esta pergunta”. Mas lá foi dizendo que a vida de divorciada, de mãe de um rapaz adolescente, com um ex-marido que lhe envia mensagens por correio electrónico que ela deveria apagar antes de ler, foram razões para a ausência.
A autora de “Pássaros da América” e de “Como a Vida” (Relógio d’Água) está de regresso com “A Gate at The Stairs”, romance que vai para as livrarias norte-americanas a 8 de Setembro. Mais conhecida pelos seus livros de contos, não publicava há mais de uma década: o seu último livro é de 1998.
“A Gate at The Stairs” conta a história de uma rapariga de 20 anos que está a entrar na vida adulta pouco depois dos acontecimentos do 11 de Setembro. É um romance “divertido, emocionante e poderoso”, escreve a editora Victoria Wilson, da Alfred Knopf, numa carta que acompanha a edição distribuída na BEA. “Num minuto estamos a rir-nos às gargalhadas e no outro sentimos como se tivéssemos levado um murro no estômago”.
Moore não considera que este seu livro possa ser considerado “sobre o 11 de Setembro”, mas encontra-se na sombra desse acontecimento. É um livro sobre uma jovem rapariga que abandona a quinta onde vive no Midwest para ir para a universidade numa grande cidade. Conta-nos o que lhe acontece durante esse ano, em que arranja um emprego de ama em “part-time” numa família que acaba de adoptar um bebé e que a seus olhos lhe parece extremamente glamorosa. Para a autora é um romance sobre o colapso de uma cidade e de um país e sobre os mistérios de se formar ou não uma família.
E a propósito desta incursão na personagem de uma universitária de 20 anos – está “na idade da paixão” – Moore lembrou o romance que o avô, prestigiado académico, escreveu quando se reformou aos 70 anos. Também era um livro sobre jovens raparigas que andavam na universidade e todos os editores o rejeitaram. Nunca o conseguiu publicar e para ele, que na vida nunca falhara em nada, isso foi complicado. Quando o avô de Lorrie Moore morreu, a família quis queimar o manuscrito. Alguém teve a ideia de o salvar e entregou-o à neta. Por isso desde essa altura que Moore sabe que “um romance é uma coisa muito assustadora”. Esperemos que não precise de mais 11 anos para escrever o próximo, já que este pode bem vir a ser a grande obra da “rentrée”.
(publicado no suplemento Ípsilon, dia 12 de Junho de 2009)
Lorrie Moore é pura magia, arte, sentimento, vida. Grande escritora! Como poucas.