Morreu a Tereza Coelho


(fotografia de Luís Vasconcelos)

Morreu Tereza Coelho, editora das Publicações D. Quixote

Isabel Coutinho

Tereza Coelho, editora das Publicações Dom Quixote e do escritor António Lobo Antunes, morreu hoje de manhã, no Hospital CUF – Descobertas, em Lisboa, na sequência de complicações de uma pneumonia. O velório realiza-se hoje na Igreja de Santa Maria dos Olivais, em Lisboa (na capela mortuária da Rua das Courelas, perto da estação do Oriente), a partir das 16h30. O funeral é amanhã às 10h00.

Ex-jornalista, considerada uma das melhores da sua geração, trabalhou no semanário “Expresso”. Foi a primeira directora da revista “Elle” e integrou a equipa que fundou o PÚBLICO. Saiu depois para o “Independente”, para ser directora da revista “Livros”, distribuída com este semanário (que mais tarde passou a ser vendida em banca como “Os Meus Livros”).
Tereza Coelho nasceu a 2 de Março de 1959, em Quelimane, em Moçambique, e veio para Portugal aos 14 anos. Viveu na Figueira da Foz e mais tarde veio estudar para Lisboa, onde se licenciou em Línguas e Literatura, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Abandonou a longa carreira de jornalista e de crítica literária e foi trabalhar com Zita Seabra na editora Bertrand. Mais tarde mudou-se para as Publicações Dom Quixote, onde se dedicava a editar António Lobo Antunes e outros escritores portugueses, como Mário Cláudio. Nesta editora publicou o polémico livro “Eu, Carolina”, de Carolina Salgado.
Foi também tradutora de várias obras da escritora Marguerite Duras, de quem era amiga. É autora dos livros “António Lobo Antunes – Fotobiografia” (Publicações Dom Quixote, 2004), “A Sexualidade Traída” que escreveu em conjunto com Francisco Allen Gomes (Âmbar) e “Moda em Portugal nos Últimos 30 anos” (edições Rolim) e “Tentação” (Publicações Europa-América) – a adaptação do guião do filme “Tentação”, de Joaquim Leitão, para novela a pedido do produtor Tino Navarro.
Tereza Coelho foi casada com o professor Eduardo Prado Coelho, de quem se divorciou. Era casada com o escritor e jornalista Rui Cardoso Martins, com quem teve dois filhos.
Com Rui Cardoso Martins escreveu o argumento para uma longa-metragem, que está actualmente em rodagem, com realização de João Mário Grilo.

Ver PÚBLICO.

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17 comentários a Morreu a Tereza Coelho

  1. Conheci Tereza Coelho como Directora da revista “Os Meus Livros”. Impressiou-me o seu talento, a sua inteligência fina, a sua sensibilidade rara, a sua gentiliza serena, o seu profissionalismo ímpar. A Tereza Coelho é um exemplo para todos. Fiquei muito triste com esta notícia, que me surpreendeu totalmente, soube-a por um link ao blogue da Isabel Coutinho.
    Rui, as minhas sinceras condolências, não há palavras… Tenho pena de não estar em Portugal para te der pessoalmente um abraço.

  2. talvez no pó das estrelas a tereza encontre lugar para continuar a escrever…e assim a via láctea ficará mais rica

  3. Não tive o prazer de conhecer a Tereza apenas conheci o Rui numa hora de muita angústia na sala de espera da ucip, deixo uma palavra de conforto, se é que pode existir conforto, a toda a família o meu sentido pesar.

  4. Eu conheci a Tereza Coelho há 13 anos. Aceitou nessa altura publicar-me uma pequena recensão no então Leituras. Foi o meu primeiro recibo verde. Passaram-se anos desde a última vez que a vi, mas lembro-me bem do sorriso fácil da Tereza e da compreensão com que me surpreendia erros ingénuos e me desafiava a escrever sobre livros difíceis, tudo isto enquanto se fumava um cigarro ou se bebia uma bica, lá para os lados do Lumiar. Como muitos outros jovens desse tempo, devo-lhe o início da vida profissional.

    É com muita tristeza que exprimo as minhas condolências à família.

  5. Têm sido uns tempos muito duros para a cultura.Para além de toda a mediocridade que nos rodeia, temos perdido pessoas que nos habituamos a respeitar e com quem contávamos sempre para nos ajudar no labirinto dos livros publicados, Mas quando são pessoas que conhecemos , como é o caso da Tereza e dos nomes citados por Nelson Bandeira e nos são queridos a dor é imensa e irreparável.
    Um abraço fraterno e solidário a família enlutada.

  6. Eduardo Prado Coelho, Torcato Sepúlveda, Tereza Coelho… Quem gosta de literatura, de bom jornalismo, e de crítica literária (daquela – sublinho – muito bem escrita e que nos leva a ler…) tem sofridos perdas muito fortes nos últimos anos.

  7. Tereza Coelho: Onde a inteligência, a beleza e a ternura se concentraram num só corpo. Mais um buraco neste país tão massacrado pela dona ceifeira. Paz ao seu pó. Casimiro de Brito.

  8. Ao marido da Tereza, Rui, aos pais e filhos os meus mais sinceros pêsames…Fiquei muito entristecida ao chegar hoje ao Hospital… e…já não se encontrava…
    Pelo amor que todos demonstravam ter por ela, só podia ser uma pessoa encantadora…Agora e, depois de tudo o que li, tenho pena de não a ter conhecido…
    Um abraço a todos e para ti Tereza um beijo muito especial

  9. Conheci a Tereza Coelho ao telefone. Por motivos profissonais falava-lhe regularmente por essa via. Do outro lado sempre encontrei uma atenção inteligente. E um riso franco que sublinhava as suas convicções. Mais tarde e por causa de outras circunstâncias, vim a privar com ela com maior regularidade. Para além dos livros sobre os quais sempre conversávamos, falávamos frequentemente sobre a maternidade. Também nesse território admirava a honestidade com que se entregava. Vê-la desaparecer assim tão nova, com tanto talento e mãe, é demasiado violento.

  10. Terrível e cruel, embora previsível notícia.

    Quando há meses a vi num corredor da Leya, chocou-me a sua fragilidade mas valeu-me de consolo a sua coragem e força de vida.

    Tinha por ela uma enorme admiração, quase secreta porém, pois nunca pude dizê-lo pessoalmente.

    Que seja reconhecida pelo seu valor como jornalista literária, nesta terra de amnésia e sombra.

  11. Sinto o coração cheio de dor, tenho já saudades de ti, Tereza.
    Sentidos pêsames a toda a família pela perda desta maravilhosa mulher e em especial a ti, Rui.

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