Ciberescritas
Isabel.Coutinho@publico.pt
Já tínhamos o Ciberdúvidas, agora temos o Português Exacto. A Porto Editora lançou esta semana o “Português Exacto – Sítio da Língua Portuguesa”, um site que pretende esclarecer todas as dúvidas relacionadas com o Português, incluindo as mudanças introduzidas pelo Acordo Ortográfico.
Quando se chega à página principal encontramos três secções: Conversor do Acordo Ortográfico, Dúvidas Resolvidas e Analisador Morfológico.
Na secção Conversor do Acordo Ortográfico surgem na página web duas janelas. Numa delas devemos escrever o texto que queremos que seja convertido para o novo acordo ortográfico. A seguir, depois de se clicar no botão “converter”, o novo texto surge na outra janela. As palavras que foram modificadas na conversão surgem assinaladas numa cor diferente (a vermelho).
Por exemplo, se escrevermos numa das janelas “Em Dezembro, será óptimo actualizar e adoptar o projecto”, depois de se clicar em “converter” surgirá na janela inferior a frase segundo as regras do novo acordo ortográfico: “Em dezembro, será ótimo atualizar e adotar o projeto”.
No site pode ser consultada também documentação sobre o Acordo Ortográfico. Está lá o Guia do Acordo Ortográfico que mostra o que vai mudar e está divido em seis tópicos (Alfabeto, Consoantes mudas, Acentuação gráfica, Hifenização, Maíusculas e minúsculas e Breve nota histórica). Podem consultar-se também os diplomas oficiais de 1945 e de 1990.
Na secção ” Acordo Ortográfico – o antes e o depois” continuamente surgem palavras que vão ser alteradas com o novo acordo : Junho passa para junho; Outono para outono (vão deixar de ser escritos com maiúsculas); co-autor passa para coautor (perdem-se os hifens nas palavras); leccionar para lecionar e olfacto para olfato (desaparecem as consoantes mudas).
O Português Exacto tem também um espaço Dúvidas Resolvidas onde o utilizador pode esclarecer inúmeras questões e dificuldades ortográficas. “Basta digitar uma letra e surge uma lista de exemplos para seleccionar de acordo com a consulta que se quer efectuar. Do lado direito, tem-se também acesso a uma relação das dúvidas mais pesquisadas, com comunicação directa à resposta”, explica Paulo Gonçalves, da Porto Editora, no comunicado de imprensa. Esta é a parte do site mais parecida com o Ciberdúvidas. Por exemplo, escreve-se “a baixo” ou “abaixo”? (ele olhou-me de alto a baixo); “o acne” ou “a acne”? (a acne); a guarda-nocturna ou a guarda-nocturno? (a guarda-nocturna).
Mas o Português Exacto tem ainda a secção Analisador Morfológico. “De uma forma funcional e imediata, é possível conhecer a classificação morfológica de qualquer vocábulo e, inclusivamente, aceder a tabelas de conjugação verbal (no caso de formas verbais) e de flexão nominal e adjectival (no caso de nomes e adjectivos)”, continua a explicar Paulo Gonçalves. Por exemplo, se colocarmos lá a palavra “cidadão” ficamos a saber que os seu plural é “cidadãos” e que no feminino “cidadã” tem como plural “cidadãs”. E se colocarmos um verbo é-nos possível ver toda a sua conjugação verbal.
Na secção Palavra do dia, diariamente está em destaque uma entrada ou parte de uma entrada do dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora. Quem quiser também pode fazer neste site pesquisas na Infopédia, através de uma janela colocada no lado direito do ecrã.
Por último, há uma área de Novidades onde “são destacados outros conteúdos linguísticos de interesse para os utilizadores”. Esta semana está lá em destaque a Infopédia na sua versão para o iPhone, o telemóvel da Apple.
Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
http://ciberduvidas.sapo.pt/
Português Exacto da Porto Editora
http://www.portuguesexacto.pt/
(Crónica publicada no ípsilon de 28 de Novembro de 2008)
Fica também uma sugestão:
http://acordo-ortografico.blogspot.com
Nuno Castro
Também estive no Porto na conferência bem legal da lingüista de Priberam (o artigo está na Revista Lusófona: http://rhumanidades.ulusofona.pt/arquivo/nr_12/artigos/1_helena_figueira.pdf) que falou de problemas do Acordo Ortográfico. Me lembro que perguntei para ela o que estava disponível para usuários online, pois não eu havia procurado e não havia quase nada. Nessa altura Priberam era o único.
Na verdade o princípio do Acordo nem é bom nem mau, é mais uma convenção… mas fui lê-lo para perceber de que tanto se fala. No meio de alguma confusão, percebi algumas coisas, outras não. Na verdade o site do FLIP foi esclarecedor em algumas coisas, mas outras continuam enevoadas. Não percebo é como é que pode haver tantas divergências ortográficas depois de se aplicar o acordo (veja-se reentrar ou re-entrar, sotopor ou soto-pôr).
Viva!
Considerando os diversos comentários publicados neste blogue, na sequência do artigo da Isabel Coutinho sobre o PORTUGUÊS EXACTO, a Porto Editora faz questão em esclarecer que:
• O PORTUGUÊS EXACTO foi desenvolvido exclusivamente com conteúdos próprios, da responsabilidade do Departamento de Dicionários da Porto Editora, e utilizando soluções informáticas estruturadas pelo nosso Departamento de Investigação e Tecnologia.
• O Conversor do Acordo Ortográfico, disponível no PORTUGUÊS EXACTO, é uma ferramenta ímpar no panorama nacional e foi o primeiro conversor disponibilizado online.
• O referido módulo dá acesso ao Guia do Acordo Ortográfico, publicado pela Porto Editora em Maio de 2008, e aos textos dos Acordos Ortográficos de 1945 e de 1990, que são textos oficiais publicados no Diário da República e disponíveis no Portal da Língua Portuguesa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
• As gralhas da notas de rodapé são facilmente detectadas com um bom corrector ortográfico como o do Word da MicroSoft. Aliás, o primeiro a alertar para a existência de gralhas no texto do Acordo foi Vasco Graça Moura no seu livro “Acordo Ortográfico – A Perspectiva do Desastre” publicado em Abril de 2008.
• As Dúvidas Resolvidas contêm informação compilada com questões colocadas pelos nossos leitores ao longo dos anos num estilo bastante distinto do usado no Ciberdúvidas ou nas Dúvidas Linguísticas do Público, bem como o trabalho que desenvolvemos, desde há quatro anos, para a rubrica “Bom Português” emitida pela RTP.
• O Analisador Morfológico é uma funcionalidade que consta nos nossos dicionários desde 1995, mas só agora foi autonomizado neste formato (por exemplo, o nosso Dicionário de Língua Portuguesa on-line, acessível pela Infopédia, já tinha esta funcionalidade.). De qualquer forma, as nossas gramáticas disponibilizam esta informação há várias décadas.
Esperamos que estes esclarecimentos sirvam para dissipar eventuais dúvidas ou mal-entendidos sobre o nosso trabalho.
Gratos pela atenção
Paulo Gonçalves
Gabinete de Comunicação e Imagem
Porto Editora
Parabéns pelo blogue! Sou professora de português há mais de 28 anos e acho os temas abordados bastante interessantes.
Devido à minha actividade estou sempre atenta a novidades e utilizo frequentemente este tipo de ferramentas, por isso posso dizer que na verdade o Português Exacto surgiu antes do conversor do FLiP. Seja como for estas ferramentas são muito úteis e no caso do site Português Exacto é uma mais-valia para professores e alunos, não só pelo conversor, mas também pelo guia do acordo que me tem servido de tira-teimas. Quanto às dúvidas tratadas, são erros que frequentemente ouço na escola e na rua, ou até mesmo na comunicação social, e penso que está organizado de forma muito intuitiva.
Tenho um dicionário electrónico da Porto desde 96 e já inclui análise morfológica.
Contudo, tenho de discordar da Mª José, pois, embora não sejam só novidades, o Português Exacto disponibiliza um conjunto de ferramentas gratuitas vão dar muito jeito.
Saudações leoninas!
Sou professora de Português há mais de trinta anos e conheço os manuais e gramáticas da Porto Editora, onde sempre encontrei informação fidedigna. Não percebo como é que a colega Susana acusa uma editora séria de copiar uma empresa de informática! Aliás, como é que a Priberam fez a conversão das palavras com o Acordo? Usando os Guias do Acordo e os dicionários da Porto Editora e da Texto Editora, que saíram bem antes do Verão de 2008?
Sou professora de português e contra o Acordo Ortográfico. Quando, este ano, me apercebi que o acordo ia mesmo ser ratificado em Portugal, procurei obter mais informações sobre a extensão das mudanças. Participei numa conferência da Universidade Lusófona dedicada ao tema onde uma linguista do Flip fez uma apresentação muito completa e fundamentada dessas alterações e como elas iam realmente afectar a forma de escrevermos. Depois de meses a ler artigos e posts sobre o tema, finalmente alguém tinha feito um trabalho científico sobre o tema. Mais tarde fui consultar o site do FLiP e ali encontrei muitas das notas e observações apresentadas na conferência. Um dos aspectos que achei no mínimo curioso foi o de terem detectado divergências e mesmo alguns erros nos dicionários do acordo lançados pela Porto e pela Texto.
Hoje, ao ler os comentários no blogue fui verificar e também me parece que a Porto Editora se limitou a copiar o que já estava no site do Flip. Gostava que alguém tivesse perguntado à Porto Editora porque razão resolveu criar um site novo em vez de colocar esta informação num dos seus vários sites. Ou foi precisamente por a terem copiado que não quiseram arriscar em a colocar num dos seus sites mais conhecidos?
O que é apresentado pomposamente como um analisador morfológico nesses 2 sites existe há pelo menos 10 anos no dicionário http://www.priberam.pt/dlpo/ onde é muito mais útil porque ainda apresenta as definições das palavras e dá sugestões se a palavra for mal escrita.
Sendo este um blogue do Público não repararam que as dúvidas deste novo site da Porto Editora não são mais do que uma tentativa mal feita de imitar serviços realmente úteis como o vosso (http://linguistica.publico.clix.pt/) ou o das Ciberduvidas?
Já agora, a ideia do analisador morfológico também veio de http://www.portaldalinguaportuguesa.org.
O site do FLiP tem informação muito mais completa sobre o acordo há vários meses. Aliás, as notas de rodapé neste site da Porto Editora indiciam que o texto terá sido copiado de http://www.flip.pt/AcordoOrtográfico/Introdução/tabid/514/Default.aspx embora não tenham citado a fonte. Se bem me lembro a Priberam foi a primeira a disponbilizar o texto do acordo anotado tendo até sido notícia na televisão por causa dos erros que então descobriram (http://www.youtube.com/watch?v=w71nRJPTv4A).
Andava por aqui quando dei com este blog! Depois de ter lido o post, Palavra a palavra, não me contive sem comentar: Vou morrer a escrever como aprendi! Nem mais! Se para aprender a escrever correctamente a língua portuguesa, fui vítima de réguadas, o meu record foram dez, uma réguada por cada erro ortográfico, como poderei aceitar de ânimo leve esta mudança? Que ainda para mais, de português virou brasileiro!Eu sei que o Brasil é imensamente maior do que Portugal, mas francamente!…