Poesia Incompleta é o nome da “primeira livraria portuguesa de poesia”, que abriu anteontem em Lisboa, no n.º 11 da Rua Cecílio de Sousa, entre o Príncipe Real e a Praça das Flores. A um passo da Assembleia da República e do bar Finalmente, numa casa que até tem um quintal com uma buganvília e uma pequena hera que veio da Grécia pela mão de Hélia Correia. Sala a sala, estante a estante, vamos encontrando livros novos, mas também esgotados e raros. Todos relacionados com poesia ou com poetas, publicados em várias línguas.
Este é um sítio aonde se vai para comprar livros, mas também para conversar com Changuito, jovem livreiro com sentido de humor aguçado, que aprendeu a gostar de poesia com a avó e também com a mãe, a actriz Maria do Céu Guerra. Numa estante da livraria Poesia Incompleta há uma máquina de escrever muito velhinha e em cima da secretária, que serve de balcão, está pendurado um enorme “poster” com três retratos de Mário Cesariny. O poeta é um dos “super-heróis” de Mário Guerra, ou melhor, de Changuito, como gosta de ser tratado. Há muitos anos a explorar o bar do Teatro da Barraca, onde organiza a animação cultural, teve também um bar na Bica, em Lisboa, onde também vendia livros. Aos 34 anos, perdeu a paciência e farto de ir a livrarias onde lhe diziam “esse livro está esgotado” ou “esse livro não existe”, resolveu passar de leitor a vendedor de livros.
“Poesia? Mas isso dá dinheiro?” foi uma das perguntas que mais lhe fizeram quando começou a dizer que queria abrir uma livraria que vendesse especificamente poesia. “Ah, isso é um acto poético”, também lhe disseram. Uma pessoa de quem ele gosta muito reagiu: “Isso é a última aventura surrealista!” Às vezes, diz, olham para o projecto como se fosse uma coisa de malucos. “Que engraçado, então uma livraria de poesia. Mas vai ter só poesia?”, perguntam. É verdade que no Porto já existe a Poetria, mas além de poesia também vende teatro.
Para o projecto ser viável, tem que vender cinco livros por dia e Changuito acredita que isso é possível: “Se houvesse uma livraria destas com a qual eu não tivesse nada a ver, passaria aqui pelo menos uma vez por semana.”
A livraria tem tudo o que ele acha que tem qualidade. Livros novos e esgotados, portugueses e estrangeiros, uma secção em crescendo de revistas e de áudio (de poetas a dizerem-se). Os exemplares do esgotadíssimo A Faca Não Corta o Fogo, de Herberto Helder, já têm destino: vão para clientes que os reservaram. Mas um deles está a ser leiloado no blogue da livraria (www.poesia-incompleta.blogspot.com) com uma base de licitação de 15 euros. Os interessados podem fazer propostas por e-mail.
A Poesia Incompleta está aberta de segunda a sábado, das 10h00 às 19h45. Há livros a partir de 2,5 euros.
Pode ir ler mais aqui.
P.S.- O José Mário Silva do Bibliotecário de Babel também já passou pela livraria e colocou no blogue umas fotografias muito melhores do que as minhas! Vão lá espreitar.
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Parabéns!!!
terei muito gosto em oferecer poesia inédita
agradeço o envio de e-mail
Manuel
Que ideia maravilhosa – também quero e vou lá passar.
obrigada
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Muitos parabéns pela iniciativa desta livraria! É uma coisa que faz muita falta, um espaço dedicado inteiramente à poesia. Assim que puder passo por lá!
Poesia
Pedro Valdoy
Ser poesia é transformar algo
Na plataforma do ser
Por caminhos no azul do céu
Ser poesia é o caminho da luz
Ao som do luar por campos
Etéreos na brandura do horizonte
É o dedilhar dum piano
Na maviosidade serena
Por campos cobertos de rosas
É uma sensibilidade terrena
Com fundo celestial ameno
Por um simples portal
A abelha sonha na entrada
De uma florista coberta de pétalas
Por versos fertilizantes de anémonas.
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