Atração Fatal – Borboleta azul engana formigas

A borboleta azul das turfeiras (Phengaris alcon), espécie pertencente à família Lycaenidae, é uma das borboletas mais ameaçadas no nosso país. Encontra-se distribuída pela Europa central e meridional, e em Portugal apenas existe em pequenas populações no norte. Habita essencialmente em turfeiras, habitats naturais de elevado valor biológico, que ocorrem em biótopos permanentemente encharcados e onde o clima é temperado.

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A biologia destes pequenos seres é extremamente complexa. As fêmeas adultas colocam os ovos nas flores de genciana (Gentiana pneumonanthe) a sua única planta hospedeira. Estas plantas, peculiares pela sua flor azul lilás, são muitas vezes comidas pela gado que pastoreia nas turfeiras, quando se encontram por vezes repletas de ovos da borboleta azul das turfeiras. Ao eclodirem as lagartas alimentam-se dentro do ovário da flor, e quando atingem o seu 4º instar em meados do mês de setembro deixam-se cair no solo sendo posteriormente adoptadas por formigas do género Myrmica que as transportam para o seu formigueiro julgando que se tratam de larvas de formigas perdidas. Este facto só acontece porque as lagartas desta borboleta azul secretam uma substância química à sua superfície que é em tudo semelhante à que é produzida pelas larvas das formigas, pelo que estas são completamente enganadas. No interior do ninho das formigas a lagarta banqueteia-se com as pequenas larvas à sua disposição e com o alimento trazido pelas formigas operárias. O ciclo de vida prossegue dentro do formigueiro, onde a lagarta hiberna e apenas em meados do Verão completa o seu desenvolvimento e se transforma em crisálida. Quando a borboleta nasce tem de fugir rapidamente do formigueiro pois só nessa altura é detectada como inimigo. No entanto, quando as formigas tentam ataca-la com as suas mandíbulas não a conseguem agarrar pois a borboleta possui uma espessa camada de escamas que se soltam facilmente. A forma adulta voa nos meses de Julho e Agosto em turfeiras e matos higrófilos onde existem as formigas e a genciana até aos 1100 m de altitude.

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Já conhecem a borboleta-pequena-da-couve?

A borboleta-pequena-da-couve (Pieris rapae) é uma da espécies mais comuns da Europa, pertencendo à família Pieridae. Voa desde o início da Primavera até ao final do Verão ao longo de várias gerações, sendo que na última hiberna na forma de crisálida até à Primavera do ano seguinte. É frequentemente vista em zonas agrícolas e cultivadas, em prados floridos e os jardins. Enquanto lagarta alimenta-se de várias espécies de crucíferas e  de espécies cultivadas como couves, repolho, nabo, o que faz com que muitas vezes sejam consideradas uma praga…em pouco tempo são capazes de devorar uma planta inteira. As lagartas são verdes e passam despercebidas no meio das folhas de que se alimentam. Na altura de formarem a crisálida afastam-se da sua planta hospedeira e fixam-se em paredes e muros onde permanecem até à eclosão da borboleta.

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As novas inquilinas do Borboletário

Há dois dias recebemos um telefonema da Inês Moura a dizer que a mãe, residente em Sobrainho dos Gaios na zona de Castelo Branco, tinha encontrado no Outono passado durante a sua jardinagem, uma crisálida diferente das que conheciam e que gostariam de saber de que espécie se tratava e de a deixar no nosso Borboletário. A fotografia foi-nos enviada sendo prontamente identificada como uma crisálida de Agrius convolvuli. Trata-se de uma espécie da família Sphingidae que se alimenta enquanto lagarta de espécies do género rumex e ipomoea. A crisálida (que deu ontem entrada no Borboletário) é bastante característica por evidenciar na perfeição a espirotrompa da futura borboleta. Obrigada Inês!

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No início desta semana também a nossa monitora Ana Pedro trouxe umas lagartas da borboleta grande da couve (Pieris brassicae) que encontrou no seu quintal. A sua mãe, a D. Arminda rapidamente se prontificou para nos ajudar dando-nos um enorme saco cheio de comidinha para elas. Muito obrigada a ambas!

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Com estas duas pequenas histórias deixamos aqui o mote: quem quiser e quem tiver ou encontrar lagartas, ovos ou crisálidas de borboletas, liguem-nos ou enviem-nos um e-mail para que vos possamos identificar a espécie e saber se as podemos receber no nosso jardim. Sendo possível, depois nós comprometemos-nos a deixar aqui fotos das vossas espécies para que as possamos dar a conhecer a todos e  desta forma contribuir para que cada vez mais pessoas conheçam as borboletas do nosso país. Não se esqueçam “só protegemos o que amamos, só amamos o que conhecemos”. Até breve!

O nosso Borboletário em dia de chuva…

Ontem a chuva e as nuvens densas cobriram o céu de Lisboa durante toda a tarde. Apesar do tempo chuvoso e encoberto passaram pelo Borboletário mais de 300 pessoas que puderam apreciar a beleza deste pequeno jardim silvestre. Em dias assim, sem sol e com bastante humidade, as borboletas abrigam-se de asas bem fechadas por baixo das folhas das árvores ou em pequenos abrigos para que se protegerem da chuva. Sem sol e calor, as nossas borboletas permanecem inativas e sem capacidade de voar. No entanto, basta o despontar de um pequeno raio de sol para que rapidamente voltem a esvoaçar em busca de alimento.

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E foi precisamente neste dia de chuva que as lagartas da borboleta cauda-de-andorinha (Papilio machaon) escolherem para eclodir. Neste primeiro instar são bastante pequenas, discretas e difíceis de encontrar no meio das folhas de arruda de que se alimentam. No entanto, daqui por mais uns dias já terão um padrão inconfundível e cheio de cores. Vamos acompanhar aqui o seu desenvolvimento.

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Ao fim de quase um ano a borboleta grande-pavão-noturno nasceu!

A borboleta grande pavão noturno (Saturnia pyri) depertou finalmente….ao fim de quase um ano o seu processo de metamorfose está completo. Mais de dez meses depois a borboleta saiu da crisálida, rompeu a resistente seda do casulo que a cercava e esticou as suas grandes asas.  Trata-se da maior bor­bo­leta da Europa, sendo muitas vezes confundida com um morcego quando voa durante a noite. Macho e fêmea são idên­ti­cos, distinguindo-se ape­nas pelas ante­nas car­ac­terís­ti­cas dos machos. A bor­bo­leta adulta vive durante poucos dias e não precisa de se alimentar pelo que nem sequer tem armadura bucal. Vamos aguardar agora que nasçam mais borboletas para que as possamos acasalar e assegurar a geração do próximo ano.

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E as lagartinhas estão quase, quase a nascer…

Meia dúzia de dias depois do início das posturas, os ovos da borboleta cauda-de-andorinha (Papilio machaon) já se encontram amadurecidos e com uma tonalidade mais escura. Esta sua nova coloração diz-nos que a eclosão das futuras lagartinhas está presa por uma questão de horas. Assim que nascerem as pequenas lagartas irão experimentar a sua primeira refeição…que se trata da casca do seu próprio ovo. Só depois experimentam as tenras folhas da sua planta hospedeira, a arruda.

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O nosso ovinho da Páscoa!

A equipa do Borboletário espera que todos os seus  visitantes tenham tido uma excelente Páscoa! A contrastar com o tradicional ovo desta quadra, mostramos aqui o nosso ovinho de Páscoa! Trata-se de um ovo da borboleta Cauda-de-Andorinha (Papilio machaon) da que nesta altura existe às dezenas no Borboletário. Esta é uma espécie muito cosmopolita e comum de norte a sul do país. Para quem ainda não viu o nosso documentário sobre esta espécie aqui fica o link!

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Nova edição do Curso de Ilustração Científica para crianças!

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Já não falta muito para começar mais uma edição do curso de ilustração científica para crianças. É já no dia 12 e 19 de abril entre as 10h e as 17h30. Vem aprender a desenhar ilustrações científicas de ovos, lagartas, crisálidas e borboletas com diferentes técnicas tais como grafite e aguarelas. Aproveita e dá uma passeio pelo Borboletário para ficares a conhecer as borboletas que voam nesta época do ano. Não percas! Inscreve-te já! Estamos a contar contigo!

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O arranque da nova temporada do Borboletário está a superar todas as expectativas pois em apenas 10 dias já ultrapassamos os 3.200 visitantes! Mais uma vez deixamos aqui o nosso muito obrigado a todos os que colaboram connosco neste projeto pioneiro que pretende dar a conhecer ao grande público uma fatia importante da diversidade de borboletas do nosso país.

 

Almirante Vermelho (Vanessa atalanta)

Os dias frios do inverno que já lá vão, podem ser particularmente difíceis para a sobrevivência de algumas espécies de borboletas, que por isso optam por hibernar na forma de ovo, lagarta ou crisálida. No entanto, espécies como a borboleta-almirante-vermelho (Vanessa atalanta) desafiam a mãe natureza voando teimosamente nos dias mais solarengos do inverno em busca de alimento. Quando o sol se esconde e o frio aperta, estas borboletas mantêm-se inativas repousando de asas fechadas em troncos de árvores onde permanecem perfeitamente camufladas e despercebidas, ou ainda em lugares escuros e protegidos da humidade (cavidades nos muros e troncos; por entre pilhas de madeira; debaixo de cobertos). Esta espécie voa durante todo o ano em locais floridos e orlas florestais ao longo de duas a três gerações. Os ovos são colocados individualmente em folhas de urtiga ou de parietária e as lagartas (espinhosas e escuras com uma linha lateral amarela), constroem um abrigo unindo as folhas da sua planta hospedeira com fios de seda. Desta forma, as lagartas permanecem escondidas dos seus predadores enquanto se alimentam até à formação da crisálida.

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Desde o início deste mês de março que temos tido imensas lagartas e crisálidas da borboleta almirante-vermelho no jardim do Borboletário. As borboletas começaram a eclodir neste fim de semana que passou!

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