Aplausos de pé para os programadores e artista associado no fim da conferência de balanço do festival.

Artistas associados 2012 e 2013

Os últimos dois anos da direcção de Hortense Archambault e Vincent Baudriller serão marcados pelas presenças, em 2012, de Simon McBurney, encenador e dramaturgo inglês e, em 2013, o encenador congolês Dieudonné Niangouna e o francês Stanislas Nordey.

Crítica de dança: Low Pieces, de Xavier Le Roy

Low Pieces, de Xavier Le Roy

foto: Vincent Cavaroc

Gymnase du Lycée Mistral, Avignon

20 de Julho 2011, 22h

Sala cheia

 

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Começa e acaba com uma conversa. A primeira de luzes acesas, a segunda no escuro. Ambas duram quinze minutos, contados e pressupõem um diálogo com o público. Entre cada uma das conversas três longas sequências nas quais os intérpretes estão nus: deitados no chão, elevam as pernas e sustêm-nas ; imitam leões no seu comportamento habitual; enrolam-se simbolizando pedras. Há uma outra sequência, no escuro, onde ladram. O princípio é o mesmo: a disposição dos corpos em imagens que traduzam e materializem estados: mineral, animal, vegetal. E, como sempre em Xavier Le Roy, o resultado final como prova provada do processo, concluído antes da apresentação, falsamente dependente da arbitrariedade do momento.

A peça cria, para si mesma, um problema que não chega a resolver. Ao entender que nada separa o binómio imagem/interpretação procede numa acumulação de gestos auto-suficientes e estranhamente bidimensionais. Não por acaso, apenas quando o público é convidado a intervir, um quadro formal preciso e limitado, é que a peça ganha a tridimensionalidade que parecia ser solicitada desde o momento em que as imagens apresentadas são facilmente identificadas.

Mas porque a aridez, ou a porosidade da peça, leva os espectadores a projectar nela o que lá não está, o que é apresentado é anulado. A peça fica, assim, aquém do que o discurso do coreógrafo nos trouxe: uma reflexão não finita do movimento.

Em outras peças de Xaver Le Roy, como Sacre du Printemps ou Product of Other circumstances (apenas para citar duas que passaram recentemente em Portugal, no Maria Matos e Serralves), essa ideia de acção concluída que pretende estar em processo era essencial para a verosimilhança do próprio movimento. No primeiro era a condução de uma orquestra imaginária, colocada no lugar onde estavam os espectadores; no segundo era a aprendizagem do butoh como método coreográfico. Em ambas havia o que parece desaparecer aqui: um movimento em construção, dependente das circunstâncias, arbitrário porque experimentado. E, sobretudo, não limitado.