Quem quer pagar o combate à corrupção?

As Nações Unidas procuram donativos de empresas para financiar os esforços globais de combate à corrupção, noticiou a Bloomberg. Em entrevista àquela agência noticiosa, o diretor executivo da agência da ONU que coordena o combate à droga e ao crime organizado, a UNODC, revelou estar em contactos com várias multinacionais, tentando um acordo para que cada uma delas doe dois milhões de dólares americanos para financiar o trabalho da agência.

Estima-se que as atividades criminosas rendam, só em lucros ilícitos, 2,1 biliões (ou seja, 2,1 milhões de milhões) de dólares todos os anos. A corrupção tem um impacto direto na competitividade da economia e penaliza as empresas cumpridoras. “O setor privado está a sofrer com a corrupção”, explica à Bloomberg o diretor executivo da UNODC, Yury Fedotov. “Estimamos que perto de 10 por cento das receitas de negócio se percam como resultado da corrupção”.

A agência da ONU que visa promover a colaboração entre governos no combate ao crime organizado e acompanhar a aplicação da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção está a ser vítima da austeridade. “Não temos dinheiro porque o nosso orçamento é financiado por contribuições voluntárias”, diz Fedotov. “E as capacidades dos Estados-membros estão esgotadas”.

A questão é até que ponto os empresários estão dispostos a colmatar as falhas. Apesar de a corrupção custar caro às empresas honestas, a verdade é que muitas vezes são as multinacionais que mais se deixam apanhar nas teias do crime. Craig Fagan, da Transparency International, chamou esta semana a atenção para um caso paradigmático: a francesa Alstom – um gigante da engenharia com negócios em mais de 100 países – chegou a acordo com o Banco Mundial (BM) para resolver alegações de corrupção em projetos financiados pelo BM na Zâmbia.

O acordo custou à Alstom o pagamento de uma indemnização de 9,5 milhões de dólares ao Banco Mundial. Além disso, duas subsidiárias do grupo entraram na lista negra da organização e não poderão concorrer a contratos do BM, nem de vários bancos regionais de desenvolvimento.

O problema, alerta Fagan, é que este acordo isenta a empresa de revelar a natureza e a dimensão das ilegalidades que terá cometido. Ora, sem sabermos exatamente o que aconteceu, como podemos saber se a punição foi proporcional ao crime? E como podemos tomar medidas, ou pressionar a própria Alstom a limpar a casa, sem sabermos o que correu mal na Zâmbia?

São perguntas importantes, até porque não é a primeira vez que a multinacional se vê envolvida em suspeitas de corrupção – nem é a primeira vez que se vê obrigada a pagar milhões para resolver essas suspeitas. A Alstom continua a dizer que a corrupção não é um problema na empresa, mas o seu comportamento não é de todo transparente. O caso permite-nos perguntar: que contributo podemos esperar das grandes corporações no combate à corrupção transnacional?

2 comentários a Quem quer pagar o combate à corrupção?

  1. Exmos Srs.,

    vimos por este meio convidar-vos a um espaço que também vos pertence e que visa aumentar a força do povo, laços e

    união do mesmo e através desta comunidade exclusivamente Contra Corrupção em Portugal desmascarar os podres da

    Nação e tomar iniciativas em conjunto, unidos, de uma vez por todas!

    Unidos contra a corrupção em Portugal,
    Tomar medidas que visem ser exemplares aos governantes e grandes empresas que diariamente brincam connosco e com o

    dinheiro de todos nós.

    Juntos Somos mais fortes,
    Visitem-nos e divulguem este novo espaço de mudança.
    Saibam mais na nossa página

    Cumprimentos a todos

    https://www.facebook.com/Portugal.Contra.Corrupcao

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  2. É evidente que desta forma não há solução.
    O sistema Mundial que está montado, não consegue mudar as coisas.
    Tem de ser criado um novo sistema em Portugal, com paises aliados, para fazer um núcleo sustentável económica e financeiramente, em alternativa ao sistema vigente.
    Tenho dois artigos publicadps no Site do Movimento Despertar Portugal. Um sobre a Missão de Portugal no Mundo para a saída para a crise. Outro sobre a solução Nacional após 38 anos do 25 de Abril.
    No dia 7 vou tentar falar pessoalmento com o Vosso Movimento, que é o único que tem acção politica autêntica popular e descomprometida, na apresentação do relatório sobre transparência e integridade.
    Bom trabalho, com muita paz e descernimento

    Maria de Lourdes Alvarez

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