Se não sabem consertá-lo, deixem de o estragar

Quando a cimeira do Rio colocou as questões ambientais na agenda dos líderes do mundo, em 1992, a voz que mais se destacou não foi a de um Presidente ou ministro do Ambiente. A jovem ativista canadiana Severn Suziki – então com apenas 12 anos – deixou uma mensagem vista entretanto por milhões de pessoas, através da Internet: se não sabem como consertar os problemas ambientais que ameaçam o planeta, apontou Severn Suzuki, pelo menos deixem de estragá-lo.

Passaram duas décadas desde essa cimeira. Este ano, os líderes mundiais voltam ao Rio de Janeiro para fazer o balanço dos esforços feitos desde essa altura e, sobretudo, para discutir como conciliar a necessidade de reduzir as emissões de carbono com a urgência de tirar da miséria milhões de pessoas que viveram durante demasiado tempo à margem do desenvolvimento social e económico.

O desafio é criar um modelo de desenvolvimento sustentável, ou seja, encontrar mecanismos que permitam a evolução económica e o combate à pobreza sem esgotar os recursos limitados do planeta. Ora, esse modelo de desenvolvimento sustentável não se cria sem transparência e sem combate à corrupção, como lembra Alice Harrison, da Transparency International.

A corrupção é, por definição, uma ameaça ao desenvolvimento sustentável. Porque impede a distribuição justa dos recursos, desvia dinheiros dedicados ao desenvolvimento e à proteção do ambiente, bloqueia o acesso da população a serviços essenciais e nos nega as armas de que precisamos para construir o futuro equilibrado e sustentável que queremos – e que a cimeira do Rio+20, que reúne este ano, deveria consagrar.

A Transparency International está a trabalhar para que a agenda dos trabalhos da cimeira, em junho, inclua menções claras ao combate à corrupção e à promoção da transparência – temas até agora ausentes nas propostas de trabalho para o Rio. É preciso que os processos de decisão sejam claros e escrutináveis, que os organismos de controlo tenham os meios necessários e que os países, e a comunidade internacional no seu conjunto, assumam os compromissos indispensáveis. “Atacando este problema como parte da solução, podemos garantir que o desenvolvimento sustentável e os meios para financiar esse desenvolvimento estejam mais protegidos contra a corrupção”, aponta Alice Harrison. “Afinal de contas, estamos a lutar pelo nosso futuro”.

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