Um conjunto de notícias recentes e declarações trocadas entre o procurador-geral da República e a ministra da Justiça voltou a colocar no radar o caso da compra de dois submarinos à alemã Ferrostaal pelo Estado português. O caso, que está a ser investigado há mais de seis anos, continua sem desenvolvimentos visíveis, apesar de na Alemanha dois representantes da empresa já terem sido condenados, no final do ano passado, por corrupção na venda de submarinos à Grécia e a Portugal.
Na Grécia, o antigo ministro da Defesa responsável pela compra de quatro submarinos foi detido por corrupção, branqueamento de capitais e fraude ao Estado. Em Portugal, o procurador-geral da República explica a inação do processo com a falta de resposta das autoridades alemãs às cartas rogatórias enviadas pela Procuradoria.
Mais caricata foi a polémica sobre a realização de perícias. O procurador-geral, Pinto Monteiro, alegou não haver dinheiro para realizar diligências necessárias para apurar a verdade – algo que a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, desmentiu prontamente, indicando que, em seis anos de investigação, nunca foi pedida ao Ministério da Justiça qualquer perícia ou verba para fazer face às despesas da investigação.
Mais recentemente, em entrevista à Antena 1, Paula Teixeira da Cruz reiterou a sua vontade em ver um “desfecho justo” neste caso. O que é certo, como lembra no Expresso Paulo Gaião, é que vários milhões de euros foram distribuídos a responsáveis políticos portugueses (de acordo com a prova feita na Alemanha) e até hoje continuamos sem saber quem beneficiou destes crimes.
Também à Antena 1, a eurodeputada Ana Gomes, que tem pressionado para que o caso se esclareça, passou em revista os contornos de todo o processo, comparando a inação portuguesa com as diligências em curso na Grécia e o desfecho do caso na Alemanha. Vale a pena ouvir o que diz Ana Gomes e manter alguma atenção sobre este caso. Para que o caso não morra com um encolher de ombros.
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