A Guiné-Bissau vê-se a braços com uma sublevação militar que veio interromper o processo eleitoral para a escolha de um novo Presidente. O primeiro-ministro e candidato presidencial vencedor da primeira volta das eleições, Carlos Gomes Júnior, está detido pelos militares em parte incerta, tal como o Presidente interino, Raimundo Pereira.
É difícil antecipar o que acontecerá nas próximas horas. A comunidade internacional foi unânime na condenação do golpe. Encorajadora é a reação da própria sociedade civil guineense. A Liga Guineense dos Direitos Humanos e o Movimento Nacional da Sociedade Civil para Paz Democracia e Desenvolvimento são duas organizações que, em Bissau, condenaram de imediato o golpe e estão determinadas em rejeitar qualquer espécie de cooperação com os militares golpistas.
A TIAC solidariza-se com a sociedade civil guineense e reproduz, verbatim, o comunicado da Liga Guineense dos Direitos Humanos e o comunicado do Movimento Nacional da Sociedade Civil para Paz Democracia e Desenvolvimento.
A complexa situação guineense, país onde os golpes militares são infelizmente recorrentes, reflete a fragilidade das instituições do país, cuja eficácia é minada pela corrupção – a Guiné-Bissau surge em 154º lugar (entre 182 países) no último Índice de Perceção da Corrupção da Transparency International. Numa escala de 0 a 10, em que 10 é “completamente transparente”, o país fica-se por um score de 2,2.
A subordinação das estruturas democráticas aos interesses privados de agentes que deveriam ter como missão servir o bem público tem sido a triste sina da Guiné-Bissau. Esperemos que a sociedade civil consiga triunfar na sua resistência e que a atual crise se resolva de forma pacífica, segura, e no respeito pelas instituições democráticas e a vontade popular.