É comum ouvirmos políticos e repórteres referirem-se às campanhas eleitorais como “a festa da democracia”. E, como em qualquer festa, os enfeites custam dinheiro. O Público esmiuçou as contas da última campanha legislativa de 2011 (que decorreu já sob o signo da crise e na sombra da troika, lembram-se?).
Contas feitas, os partidos gastaram para cima de 10,5 milhões de euros na campanha – em caravanas, comícios, brindes ou autocarros para transportar militantes que enchessem praças e ruas, para compor a imagem para os telejornais. Nalguns países europeus (na fria Escandinávia, por exemplo), as campanhas eleitorais são mais serenas e austeras; e é o próprio eleitorado a desconfiar de grandes cartazes ou animados comícios.
Em Portugal, um olhar atento aos gastos registados na Entidade de Contas e Financiamentos Políticos (ECFP) mostra alguma coisa sobre como se fazem campanhas eleitorais no nosso país. Infelizmente, mostra também os vícios de falta de transparência que continuam a ser rotineiros no comportamento dos partidos. A última lei de financiamento partidário não veio ajudar nada, criando novos alçapões para a opacidade.
Tendo em conta que a esmagadora maioria dos gastos de campanha resultam de subvenções públicas, a leitura dos dados da ECFP, sobretudo num tempo de crise e de sacrifícios atirados sobre os portugueses mais vulneráveis, faz-nos pensar: se a “festa da democracia” fosse menos festiva, seria mais democrática?