Um estudo interessante no site da Anti-Corruption Research Network mostra os efeitos da corrupção no comportamento dos eleitores. O estudo, conduzido durante as últimas eleições autárquicas no México, mostra como, se tiverem acesso à informação, os cidadãos tendem a retirar o seu apoio eleitoral a presidentes de Câmara suspeitos de corrupção ou mau uso de fundos públicos.
O problema é que as informações sobre corrupção têm também outro efeito, mais perverso: tendem a afastar os eleitores das urnas, diminuindo o apoio quer ao candidato suspeito, quer aos candidatos da oposição. Ou seja, as ações de um político corrupto não destroem apenas o apoio a esse político: pior do que isso, minam o contrato de confiança entre os cidadãos e a própria política.
Quando alguém a quem é confiada a defesa do interesse público se serve dessa confiança em benefício próprio, cria uma sociedade mais cínica, menos capacitada e mais descrente. É por isso que a corrupção é muito mais do que um crime patrimonial. É um ataque direto à paz social, ao espírito de partilha e solidariedade que deve estar no centro das relações entre cidadãos livres. Este estudo dá que pensar.