Os sacrifícios que estão a ser impostos aos gregos podem ser em vão, se não forem feitas reformas profundas no sistema de prevenção e combate à corrupção. A análise do Sistema Nacional de Integridade grego, publicada pelo capítulo da Transparency International na Grécia, alerta que as reformas económicas em curso – que visam restaurar o equilíbrio das contas públicas e recuperar a competitividade do país – estão a ser minadas porque o Governo, as empresas e os funcionários públicos não só não travam eficazmente a corrupção, como participam ativamente nela.
98 por cento dos gregos inquiridos para o estudo apontam a corrupção como um sério problema no país, e 88 por cento consideram-na parte da cultura empresarial grega. “Todos conhecemos a crise da dívida, mas a Grécia sofre também uma crise de valores. Tem as leis certas mas faz pouco para as aplicar. A lei está a ser violada, o ilegal está a ser legalizado e os compromissos internacionais para combater a corrupção estão a ser ignorados. As leis estão lá e as instituições já têm poderes – só têm de os exercer”, disse Costas Bakouris, presidente da TI-Grécia, na apresentação do relatório.
O impacto da corrupção na crise da dívida europeia deve ser uma preocupação central de cidadãos e governos. Em Portugal, a TIAC defende que as reformas previstas no acordo assinado com a Troika devem ser acompanhadas de medidas concretas de prevenção e combate à corrupção. Nesse sentido, elaborámos um documento alertando para os principais riscos das reformas acordadas e propondo medidas de controlo do problema. O documento, enviado ao Governo, Parlamento e à Troika, foi depois partilhado com os nossos parceiros da rede Transparency International, incluindo os nossos colegas gregos.
A TIAC está também a ultimar o seu próprio estudo sobre o Sistema Nacional de Integridade português, que apontará as forças e fraquezas das instituições públicas, setor privado e sociedade civil na prevenção e combate à corrupção.