Para a TIAC, a nomeação de uma comissão especial de acompanhamento à privatização da EDP, feita já na fase final do processo, não dá quaisquer garantias de escrutínio público. «Trata-se de uma comissão nomeada arbitrariamente pelo próprio Governo ao arrepio das recomendações da TIAC e que nunca produziu qualquer parecer público em relação a um processo que está já praticamente concluído», diz Luís de Sousa. Nem a Assembleia da República, cujo papel fiscalizador tem sido omisso, nem o Conselho de Prevenção da Corrupção, que prometera acompanhar atentamente estes processos, publicaram qualquer informação ou parecer sobre o assunto e mantiveram-se à margem de toda a negociação.
Recorde-se que a TIAC entregou em Junho passado à Troika, ao Governo e à Assembleia da República um memorando alertando para os principais riscos de corrupção decorrentes das reformas acordadas com o FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu. «Tudo indica que o método opaco de consulta do mercado e de negociação utilizado no caso da EDP será o modelo a aplicar às demais privatizações que se seguem. Isso é uma machadada grave na confiança que o Governo pediu ao país. O primeiro-ministro tem apelado à compreensão dos portugueses para os sacrifícios que estão a ser impostos, mas não pode contar com a apatia dos cidadãos quando decide fazer negócios de milhares de milhões de euros pela calada», diz Luís de Sousa.
Por tudo isto, a TIAC exige do Governo explicações públicas imediatas sobre a forma como o processo está a ser conduzido, antes que qualquer novo passo para a privatização da EDP seja dado.